13/12/2009

Uma nota sobre pirataria


Todas as discussões a respeito do combate a pirataria que não passem pela redução significativa dos preços dos produtos que estão sendo pirateados são discussões totalmente improdutivas, isso para não dizer, inúteis.


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10/12/2009

A gordura de uns, a magreza de outros


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Número de desnutridos: 1 bilhão
Número de obesos: 300 milhões

Há uma aparente contradição nesses números. Procure descobrir quais são os paises com muitos obesos e quais são os países com muitos desnutridos.

A barreira de 1 bilhão de pessoas que sofrem desnutrição será superada em 2009 em consequência da crise econômica mundial. Pela primeira vez na história da humanidade, mais de 1 bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo o mundo, adverte a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) em um relatório sobre a segurança alimentar mundial. O número supera em quase 100 milhões o do ano passado e equivale a uma sexta parte aproximadamente da população mundial, destaca a agência especializada da ONU, que tem sede em Roma. O diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico Agrícola da FAO, Kostas G. Stamoulis, disse que é a primeira vez na história que o mundo tem tantos famintos. Para ele, a situação é uma contradição, porque o mundo tem muita riqueza, apesar da crise. "Neste ano, temos quase um recorde da colheita de grãos, então não há falta de comida, há falta de acesso."
Já Organização Mundial de Saúde (OMS) registra cerca de 300 milhões com obesidade clínica.

Tendo em vista tais números devemos ter em mente que os paises que mais engordam são exatamente os mais ricos ou em processo de enriquecimento, ao contrário dos desnutridos que se localizam exatamente nos paises mais pobres. O interessante disto tudo se é o fato de que a relação entre ricos e pobre também pode ser medida tendo como referência o índice de massa corporal.
A gordura de uns é fruto da magreza de outros.


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06/12/2009

Tédio



O tédio é um inimigo deveras mortal - é um começo e um caminho de desvitalização ou de morte. Vontade de inexistir.

José Angelo Gaiarsa


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17/11/2009

08/11/2009

As palavras não dizem tudo



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A palavra considerada mais difícil de definir entre todas as palavras do mundo é "mamihlapinatapai". Esta palavra, usada pelos fueguinos (habitantes da Terra do Fogo, que fica ao sul da Argentina e do Chile), significa "olhar para o outro na esperança de que ele se ofereça para fazer algo que os dois desejam, mas que nenhum dos dois é capaz de fazer".


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27/10/2009

Gaiarsa

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SOMOS TODOS POLICIAIS DO SISTEMA. TODOS VIGIAM TODOS PARA QUE NINGUÉM FAÇA O QUE TODOS GOSTARIAM DE FAZER. SOMOS CARCEREIROS E PRISIONEIROS.


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José Angelo Gaiarsa

Dizem que os pais não estão mais orientando os filhos, mas quem orientou esses idiotas?


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Por cinqüenta dos meus 82 anos, de 6 a 8 horas por dia eu só ouvi queixas familiares. Ninguém conhece o lado sombrio da família melhor que eu. Sinto-me plenamente autorizado a falar mal dela, o que tem de ruim não está escrito. Ela é o eixo do conservadorismo, sim. "Pai e mãe estão sempre certos": isso é o próprio tiranismo à Saddam Hussein. E o pior é que muitas mães e pais acreditam nisso.


Por que há os filhos que matam pais e avós e por que isso tem essa repercussão gigantesca? Os fundamentos da família clássica - pai, mãe e filho - estão começando a derreter. Esses crimes são um dos sintomas mais gritantes, mas há outras coisas, como a criançada que sai muito mais cedo, que tem muito mais atividades - boas ou más - e as mães que trabalham fora. As crianças estão sendo muito menos controladas, muito menos desviadas e envenenadas pelos velhos valores. Podem até estar sendo envenenadas pelos novos, mas não é esse o ponto. Hoje em dia todo mundo brinca com a supermãe, com o superpai. Ontem eu ouvi uma história bonita de um senhor que contou que seus três filhos chegaram pra ele e disseram: "Pai, a gente não quer mais ter pai, mas você tem que ficar amigo da gente". Essa é a lição de hoje. Não queira mais ensinar como era o mundo do seu tempo, porque você estará falando sozinho. Troca de experiências é outra coisa. Trocar experiências é ótimo, de sentimentos nem se fala, mas nada de lições de vida.


Metade dos pais brasileiros são alcoólatras crônicos, têm quantos filhos quiserem, um exemplo doméstico mortífero, horrível. A família é muito falada, elogiada e em nada cuidada.


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16/10/2009

MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

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É absurdo dividir as pessoas em boas e más. Elas são simplesmente más.

Quando uma pessoa burra concorda comigo é hora de rever o que estou pensando.

Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, por isso quase nunca falo.

São os olhos das pessoas que nos destroem. Se todos fossem cegos nos destruiriamos pelos ouvidos.

Muitas pessoas não têm a menor idéia sobre o que pensam e muito menos sobre o que dizem.

Definição de Educação: transformar crianças inteligentes em adultos burros.


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08/10/2009

A burocracia e o amor pela rotina e pelas regras



O sentido etimológico da palavra burocracia tem origem nos componentes lingüísticos do francês bureau – escritório – e do grego, krátos – poder. Portanto, a palavra burocracia dá a idéia de um exercício do poder por meio dos escritórios, ou de um poder dos escritórios ou ainda de um poder que flui a partir dos escritórios.
A burocracia é um sistema de autoridades distribuídas de forma hierárquica. Justamente por seus argumentos encontrarem fundamentos dentro de uma ordem legal, a burocracia é a ferramenta muito eficaz da administração moderna, seja do ponto de vista estatal ou empresarial
Por intermédio de "contratos" e “documentos” ou outra ferramenta que signifique relação de autoridade dentro de uma empresa ou governo, o processo ganha legitimidade a partir de sua relação com o sistema legal em vigência. Assim, a posição de cada burocrata e as relações que este deve manter, seja com um superior ou com um subordinado, ou mesmo com seus próprios colegas de nível, são impositivamente determinadas por regras impessoais, estritas e escritas. A margem de relação pessoal tende a ser diminuída ao máximo, vale a racionalidade hierárquica do sistema administrativo, os direitos e deveres presentes em cada posição, vale a circulação de “documentos” e a pronta resposta a estes “documentos”.
Dentre as características da burocracia podemos visualizar a impessoalidade como a sua principal marca e, em seguida, a concentração do poder de administração – tal concentração gera um efeito de autoridade quase indestrutível. Há o domínio do principio da legalidade no funcionamento das organizações, o que significa dizer que tudo que for feito dentro de um regime burocrático ganha um ar de autoridade, não podendo mais ser contestado. Portanto, se é “oficial”, assim seja feito. Neste âmbito, o dever de cada um é fazer seu trabalho dentro de um processo a partir de critérios impessoais, além do valor de cada um permanecer restrito a realização de sua atividade específica.
Nenhum regime burocrático funciona sem um conjunto de normas e regras, sem o estabelecimento de uma rotina de atividades e sem os meios de coerção (a própria manutenção da rotina pode ser interpretada como uma ação coercitiva) e de recompensa (o salário). Todos estes aspectos garantem a pressão necessária para que o processo continue fluindo em sua regularidade.
A atribuição de responsabilidades e autoridades acontece dentro de uma hierarquia de autoridade vertical, com respectivos deveres e subordinações. Nesta relação há sempre a tendência de conduzir todos os processos dentro de um regime de documentos escritos, numa freqüente circulação de papeis – papeis que vão, papeis que vêm.
Como reconhecer um burocrata? Ele geralmente se acredita livre. Foi nomeado para exercer sua função tendo por critério sua habilitação no cargo. Exerce sua autoridade de acordo com regras impessoais  E é a partir da fidelidade a estas regras que é medida a sua lealdade, ou seja, quanto mais fiel aos deveres, mais qualificado é e mais tempo permanecerá no cargo, valendo-se unicamente de suas qualificações técnicas. Servindo a uma autoridade que se encontra mais acima de sua função, se considera responsável apenas pela execução imparcial das tarefas que lhe foram atribuídas, devendo, neste sentido, abrir mão de seus posicionamentos pessoais, sobretudo se estes vão contra seus deveres.
A questão, perigosa questão, proveniente das relações burocráticas se encontra no fato dos subordinados aceitarem as ordens dos superiores como justificadas. Tal obediência não acontece de uma pessoa para outra, mas a partir e a um sistema de normas e regras previamente estabelecidas, obedecendo-se às normas e às regras, segue-se a rotina. Na burocracia não são os sujeitos quem agem, quem atuam, são as funções que funcionam usando estes sujeitos e assim continuará enquanto estes aceitarem o conjunto de normas e regras que são encaradas como legítimas e das quais advém o comando. Estes sujeitos são considerados apenas em função da subordinação às quais se submetem e da rotina que mantém. É por este motivo que onde há burocracia aquele que mais se subordina é aquele que mais é recompensado.
Sem uma devoção à rotina e às regras a burocracia perde em eficácia, daí ser tão importante fazer com que tais rotinas e regras sejam não apenas seguidas, mas desejadas. Quando isto acontece é o sinal de que a burocracia adquiriu o status de valor absoluto, ou seja, a rotina e as regras se tornaram coisas sagradas e não apenas objetivos de uma função, agora é o amor pela rotina e pelas regras que nortearão a ação do sujeito.

Alexsandro A. Oliveira


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04/10/2009

As explicações para a origem

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“No começo -- contam os Kamaiurá, tribo do alto Xingu -- só havia Mavutsinim. Ninguém vivia com ele. Não tinha mulher. Não tinha filhos, nenhum parente ele tinha. Era só.
Um dia ele fez uma concha virar mulher e casou com ele. Quando o filho nasceu, perguntou para a esposa:
-- É homem ou mulher?
-- É homem.
-- Vou levar comigo.
E foi embora. A mãe do menino chorou e voltou para a aldeia dela, a lagoa, onde virou concha outra vez.
Nós -- dizem os índios -- somos netos do filho de Mivutsinim.”


Esta bela narrativa mítica sobre a origem desses índios é um bom exemplo, entre as muitas explicações que o homem, seja ele de qualquer povo, buscou para explicar suas origens. Todos os povos possuem histórias e lendas antiquíssimas que procuram explicar a origem de tudo. Nós, filhos da cultura ocidental, herdamos uma explicação religiosa registrada no primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Cada explicação religiosa, mítica, sobrenatural, reflete a cosmovisão de seus criadores.

Se situarmos apenas o Ocidente como ponto de discussão, faz-se necessário entender que houve uma mudança de interpretação: passou-se de uma cosmovisão teocêntrica para uma antropocêntrica, o que permitiu que a história fosse vista com olhos mais humanos que divinos, assim, ao invés de uma história sagrada, buscou-se, então, uma história natural. Esse acontecimento representa uma ruptura na ordem transcendente que durou quase dois mil anos e que fora definido pelos intelectuais gregos, sendo posteriormente retomado a seu modo pelos teólogos cristão da Idade Média. Com o advento do Renascimento toda esta obra de razão cosmologica, de antropologia e de inteligência baseada no teocentrismo começa a sofre modificações que culminará com seu rompimento definitivo no século XIX.


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01/10/2009

O que é Desejo para Gilles Deleuze

Achávamos que as pessoas antes de nós não tinham entendido bem o que era o desejo, ou seja, fazíamos nossa tarefa de filósofo, pretendíamos propor um novo conceito de desejo. As pessoas, quando não fazem filosofia, não devem crer que é um conceito muito abstrato, ao contrário, ele remete a coisas bem simples, concretas. Veremos isso. Não há conceito filosófico que não remeta a determinações não filosóficas, é simples, é bem concreto. Queríamos dizer a coisa mais simples do mundo: que até agora vocês falaram abstratamente do desejo, pois extraem um objeto que é, supostamente, objeto de seu desejo. Então podem dizer: desejo uma mulher, desejo partir, viajar, desejo isso e aquilo. E nós dizíamos algo realmente simples: vocês nunca desejam alguém ou algo, desejam sempre um conjunto. Não é complicado. Nossa questão era: qual é a natureza das relações entre elementos para que haja desejo, para que eles se tornem desejáveis? Quero dizer, não desejo uma mulher, tenho vergonha de dizer uma coisa dessas. Proust disse, e é bonito em Proust: não desejo uma mulher, desejo também uma paisagem envolta nessa mulher, paisagem que posso não conhecer, que pressinto e enquanto não tiver desenrolado a paisagem que a envolve, não ficarei contente, ou seja, meu desejo não terminará, ficará insatisfeito. Aqui considero um conjunto com dois termos, mulher, paisagem, mas é algo bem diferente. Quando uma mulher diz: desejo um vestido, desejo tal vestido, tal chemisier, é evidente que não deseja tal vestido em abstrato. Ela o deseja em um contexto de vida dela, que ela vai organizar o desejo em relação não apenas com uma paisagem, mas com pessoas que são suas amigas, ou que não são suas amigas, com sua profissão, etc. Nunca desejo algo sozinho, desejo bem mais, também não desejo um conjunto, desejo em um conjunto. Podemos voltar, são fatos, ao que dizíamos há pouco sobre o álcool, beber. Beber nunca quis dizer: desejo beber e pronto. Quer dizer: ou desejo beber sozinho, trabalhando, ou beber sozinho, repousando, ou ir encontrar os amigos para beber, ir a um certo bar. Não há desejo que não corra para um agenciamento. O desejo sempre foi, para mim, se procuro o termo abstrato que corresponde a desejo, diria: é construtivismo. Desejar é construir um agenciamento, construir um conjunto, conjunto de uma saia, de um raio de sol…


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27/09/2009

Lilith - Duas pequenas notas sobre a primeira mulher de Adão

Nota 1:
Quem se debruça atentamente sobre o texto do Gênesis para ler o mito hebraico da criação do Homem, há de perceber a presença de duas narrativas distintas.
No capítulo 1 do livro, Deus cria, no "último dia da Criação", o primeiro casal de humanos: homem e mulher são criados juntos, num mesmo momento, da mesma maneira.
No capítulo 2, o homem é criado primeiro, enquanto a mulher só nasce posteriormente, a partir de uma costela do macho.
Alguns estudiosos judeus tentaram explicar a contradição sugerindo que o Gênesis mostra ter havido duas criações: na primeira, Deus criou os seres humanos em geral; na segunda, criou um homem especial, seu predileto, do qual derivou a "raça adâmica" (descendentes de Adão), ou seja, os hebreus.(1)
Mas os historiadores que pesquisam a chamada História Bíblica, preferem identificar nessa incongruência a presença de duas fontes diferentes, que se teriam amalgamado no Livro do Gênesis.
Essa é uma explicação razoável e muito se poderá dizer em seu favor.


Nota 2:
Lilith é referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem (Patai81:455f) ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio.
De acordo com certas interpretações da criação humana em Gênesis, no Antigo Testamento, reconhecendo que havia sido criada por Deus com a mesma matéria prima, Lilith rebelou-se, recusando-se a ficar sempre em baixo durante as suas relações sexuais. Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilith foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal.
Assim dizia Lilith: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’ Quando reclamou de sua condição a Deus, ele retrucou que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher, dessa forma abandonou o Éden.
Três anjos foram enviados em seu encalço, porém ela se recusou a voltar. Juntou-se aos anjos caídos onde se casou com Samael que tentou Eva ao passo que Lilith Tentou a Adão os fazendo cometer adultério. Desde então o homem foi expulso do paraíso e Lilith tentaria destruir a humanidade, filhos do adultério de Adão com Eva, pois mesmo abandonando seu marido ela não aceitava sua segunda mulher. Ela então perseguiria os homens, principalmente os adúlteros, crianças e recém casados para se vingar.
Após os hebreus terem deixado a Babilônia Lilith perdeu aos poucos sua representatividade e foi limada do velho testamento. Eva é criada no sexto dia, e depois da solidão de Adão ela é criada novamente, sendo a primeira criação referente na verdade a Lilith no Gênesis.

MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

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Se você se considera com uns quilinhos a mais, provavelmente estar.

Apenas ‘Sim‘ ou ‘Não‘ são respostas perfeitamente aceitáveis para a maioria das perguntas. Não se complique querendo explicar.

Se pinicar, coce.

Sempre que possível diga o que precisa dizer durante os comerciais.

Se algo que você diz pode ser interpretado de duas formas, e se uma delas deixar alguém triste ou magoado, diga que falou com o significado da outra forma.




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MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

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Palavra de burro é coice.

Em tempos de sujeição, mais vale burro vivo do que sábio morto.


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26/09/2009

As relações são apostas no escuro



Em uma relação, seja de qual tipo for, é impossível determinar que ali se encontrará estabilidade e segurança eterna, tal garantia nunca houve. As relações se dão como uma aposta no escuro. Não há como prometer satisfação plena e quem espera por ela se arrisca a passar uma vida de procura. Não existe formulas para se manter uma relação ou para manter-se nela. Toda relação é única naquilo que ela pode, positiva ou negativamente, possibilitar. Não há relação perfeita, não há um encontro perfeito. O que há são imagens e modelos ideais de relações que são veiculadas de diversas formas e por vários motivos ao longo da sociedade.
Para entender tal fato devemos ter em mente que as sociedades estabelecem papeis que devem ser vividos pelos sujeitos e passa a cobrar a vivência destes papeis em toda sua expressão. Mas o fato de serem exigidos socialmente não significa que os sujeitos sejam capazes de seguir fielmente a ditaduras dos papeis sociais. De fato, esta impossibilidade acaba sendo a responsável pelo desequilíbrio presente entre aquilo que o papel define como correto e aquilo que de fato os sujeitos são capazes de viver. É nessa distância entre aquilo que foi estabelecido pelo papel e aquilo que é vivido que se encontra a fonte de grande parte dos conflitos presentes em uma relação.
Ainda nos é estranho constatar que em uma relação não se pode esperar que um entenda completamente quem o outro é, que um saiba exatamente o que o outro pensa e o que deseja. Esse fato talvez seja o mais difícil de ser vivido por duas pessoas que se sentiram atraídas. Também nos é estranho constatar que é inútil esperar que um adivinhe o pensamento do outro - vale a sentença: o pensamento não comunica. A coisa se complica quando se considera que estão implicadas duas maneiras de entender a própria relação e o sentido dela. De fato, numa relação temos duas relações: a que é vivida por um e a que é vivida pelo outro, o sentido que um e o sentido que o outro dá aquilo que experimentam juntos. Apesar de partilharem experiências, entendem essas experiências de modos diferentes, assim como entendem de modos diferentes os sentimentos envolvidos na manutenção do sentido que cada um dá aquilo que experimentam.
Diante do exposto, podemos supor que grande parte dos conflitos presente em uma relação surge em decorrência dessas dessimetrias. Quando um percebe que o outro não está em perfeita sintonia com os seus ditames cria-se um estado de insatisfação pela falta de cuidado do outro e pelo fato de um não corresponder ao modelo ideal do outro. A partir daí surgem as desavenças, as crises, as brigas, a violência e o desconforto. O vinculo afetivo está ameaçado.
Diante de tal situação, por que não pensar que as relações são perfeitas pelo simples fato das pessoas não serem perfeitas. Pelo simples fato de que não é a perfeição de um ou do outro que importa, mas a relação, não no sentido dela ser perfeita, mas dela ser ou não produtiva. A pergunta que ambos deveria fazer a relação então seria: “o que esta relação produz?” Em seguida, dependendo da resposta, decidirem que caminho seguir.
Por outro lado há o perigo de não se perceber que se embarcou em um navio cujo destino é a contínua anulação dos envolvidos. Os dois se tornaram náufragos da relação, já não tendo forças para remar, vão afundando com a relação. Os dois se tornam ínfimos e o mar em volta tende a afogá-los. Um se tornou refém do outro. Não se pode deixar de constatar que é isto que acontece em muitas relações. A dificuldade presente em ambos ou em um deles em romper o vínculo, ou mesmo de entender este vinculo de uma outra perspectiva, torna a experiência mais difícil ainda de ser superada.
É estranho perceber como é difícil por fim a infelicidade. O caminho mais seguido é aquele no qual se busca um culpado. Ninguém quer assumir a responsabilidade pelo fracasso. O “bom” é aquele que quer ficar, o “mau” é aquele que quer sair. Mas, se pensarmos bem, entenderemos quão cruel é manter alguém em uma relação que já não produz nada de bom. Os rompimentos, mesmo sendo dolorosos, são úteis e necessários.


Alexsandro A. O.


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22/09/2009

Do macaco à vergonha de ser um homem


É Mário Quintana que diz: “O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.” Pensando nessa frase faço referência a uma outra dita por Primo Levi diante do holocausto nazista e como se sentiu frente a tamanho horror: "A vergonha de ser um homem". Duas frases extremamente graves naquilo que afirmam. 
A primeira me leva a pensar sobre aquilo que estamos nos tornando, ou mesmo que já somos. Mas o que estamos nos tornando ou já somos à vista de um macaco? Claro que a referência ao animal macaco é apenas um recurso poético, uma expressão que visa criar um efeito e gerar uma sensação. Ao ler Mario Quintana penso, sobretudo, no presente particularmente estreito a que estamos submetidos. Um estreitamento tal que pode, se já não o fez, representar a morte do porvir, a nossa própria morte como humano – entendendo a relação do humano com o porvir como sendo o da nossa abertura com aquilo que se abre ao tempo, da nossa relação com aquilo que não tem medida prescrita, como aquilo que nos faz assumir nossa finitude, com aquilo que nos pode levar para além daquilo que somos, com aquilo que pode nos tornar melhores. Daí às questões: o que estamos fazendo de nós estar nos tornando melhores? O que ainda podemos fazer para nos tornarmos melhores?
Diante destas questões aparece a segunda frase, não como resposta, mas como condição básica na apresentação de uma resposta. Ou seja, qualquer resposta que venhamos a dar deve trazer a seguinte condição, qual seja, a de não nos fazer sentir a vergonha de ser um homem (ou mulher).
Tal vergonha não pode ser confundida com o sentir-se culpado ou o sentir-se vítima. Com “a vergonha de ser um homem” antevejo outras questões: como posso me tornar melhor mantendo-me em silêncio diante do mundo? Como posso me tornar melhor ficando quieto diante do mundo? Como posso tornar o mundo melhor se me resigno aos outros? Como eu, que não me sinto um culpado ou uma vítima, posso pactuar tanto para fazer sobreviver tantas coisas que são repugnantes para condição humana? Como disse Deleuze: “Nós não paramos de aprisionar a vida, de matar a vida...” Isto deveria nos enlouquecer, isto deveria nos envergonhar de sermos homens (e mulheres).


Alexsandro

Milonga Del Moro Judio (Jorge Drexler)

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A canção vale pela lição de respeito as diferenças.
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Em cada muro um lamento
Em Jerusalém, a dourada
E mil vidas mal vividas
Por causa de cada mandamento
Eu sou o pó de teu vento
Ainda que sangre de tua ferida
E cada pedra querida
Guarda meu amor mais profundo
Não existe pedra no mundo
Que valha uma vida

Eu sou um mouro judeu
Que vive com os cristãos
Não sei quem é meu deus
Nem quem são meus irmãos

Não há morte que não doa
Não há um lado ganhador
Não há mais que dor
Em outra vida que se foi
A guerra é uma terrível escola
Não importa a interpretação que viste
Perdoem-me, mas eu não me alisto
Sob nenhuma bandeira
Vale mais qualquer bobagem
Que uma (bandeira) pedaço de pano triste

Eu não dou permissão
Para matar em meu nome
Um homem não é mais que um homem
E se há deus, assim o quis
O mesmo solo em que piso
Seguirá, eu também terei ido
Rumo também ao esquecimento
Não há doutrina que não passe
E não há povo que não se ache
Crendo ser o povo escolhido


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A difícil relação entre a forma e o conteúdo

O sr. K. observava uma pintura na qual alguns objetos tinham uma forma bem arbitrária. Ele disse:
- A alguns artistas acontece, quando observam o mundo, o mesmo que aos filósofos. Na preocupação com a forma se perde o conteúdo. Certa vez trabalhei com um jardineiro. Ele me passou uma tesoura e me disse para cortar um loureiro. A árvore ficava num vaso e era alugada para festas. Por isso tinha que ter a forma de uma bola. Comecei imediatamente a cortar os brotos selvagens, mas não conseguia atingir a forma de uma bola, por mais que me esforçasse. Uma vez tirava demais de um lado, outra vez de outro. Quando finalmente ela havia se tornado uma bola, esta era pequena demais. O jardineiro falou, decepcionado: ‘Certo, isto é uma bola, mas onde está o loureiro?’
Bertolt Brecht


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20/09/2009

É muito chato ser sempre o mesmo

A identidade é apenas um jogo (não um fato determinado), apenas um procedimento para favorecer relações, relações sociais e as relações de prazer sexual que criem novas amizades, então ela é útil. Mas se a identidade se torna o problema mais importante da existência (sexual ou qualquer outra), se as pessoas pensam que elas devem “desvendar” sua “identidade própria” e que esta identidade deva tornar-se a lei, o princípio, o código de sua existência (eu sou assim, sempre fui assim, nasci assim, assim serei para todo sempre),  se a questão que se coloca continuamente é: “Isso está de acordo com minha identidade?” (com aquilo que eu sou), então eu penso que fizeram um retorno a uma forma de ética muito próxima à da heterossexualidade tradicional. Se devemos nos posicionar em relação à questão da identidade, temos que partir do fato de que somos seres únicos. Mas as relações que devemos estabelecer conosco mesmos não são relações de identidade (no sentido de já estarem determinada de forma definitiva para todo sempre), elas devem ser antes relações de diferenciação, de criação, de inovação. É muito chato ser sempre o mesmo. Nós não devemos excluir a identidade se é pelo viés desta identidade que as pessoas encontram seu prazer, mas não devemos considerar essa identidade como uma regra ética universal. (Existe sempre a possibilidade de ser outro, de me transformar em outro).

Michel Foucault


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16/09/2009

Em uma bela fábula Nietzsche explica o surgimento do conhecimento

Em algum ponto do universo, inundado por cintilações de inúmeros sistemas solares, houve, um dia, um planeta em que os animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o momento de maior arrogância e mentira da história universal, mas foi apenas um minuto. Depois de alguns suspiros da natureza, o planeta se congelou e os animais inteligentes tiveram que morrer.


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11/09/2009

MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

Uma vez escolhido o caminho, sempre haverá outros melhores.

Cuidado com seu caráter: ele pode não ser tão bom assim.

Você não tem fracassos na sua vida? Ou você nunca nasceu ou não tem claro as coisas que lhe acontecem.

Chore sempre! A vida é um grande não. Você não faz parte da solução de nada, de fato você é o problema.


Cuidado com o que você é: afinal, nem sempre fala o que pensa, nem sempre pensa o que fala e faz tudo diferente do que quer.


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04/09/2009

Uma lição nietzscheana: faça do seu jeito



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E agora que o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimetos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engoli e cuspi fora
Eu encarei e continuei grande
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido
De pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que é um homem, o que ele tem
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras que ele deveria revelar
Os registros mostram que eu recebi as desgraças
E fiz do meu jeito


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03/09/2009

Economia - uma ciência sobre os ricos, pelos ricos e para os ricos


Desde os tempos imediatamente posteriores a Adam Smith, quando a Economia começou a ser ensinada nas universidades anglo-saxónicas e francesas, que se pode afirmar que a economia começa a configurar-se como uma ciência elaborada «pelos ricos e para os ricos». Com uma ou outra exceção, pode-se na verdade dizer que a elaboração da maior parte das teorias econômicas nasceram nas universidades das elites – frequentadas pelos círculos sociais mais ricos dos países ricos – pelo que são projeções sobre as condições de vida desses mesmos meios abastados. De tal modo isto se consolidou, que na época atual, a maior parte dos textos da economia ortodoxa fazem apenas uma ligeira alusão à problemática dos mais desfavorecidos, e quando o fazem, equacionam-na como uma variável exôgena ao modelo econômico vigente, e ainda por cima, com uma certa dose de «compaixão», mas jamais como um fato merecedor de ser considerado como objeto de estudo por parte da Ciência Econômica. Ou seja, é como se as Faculdades de Medicina não tivessem os doentes como objeto central da sua atividade de investigação.
Não é de espantar que a imprensa econômica especializada, ou as seções de economia nos jornais diários ou dos canais de televisão, só ofereçam notícias sobre a Bolsa, as taxas de juros ou as fusões de empresas, muito embora tais notícias só interessem a uma minoria muito restrita da população.
Joaquín Guzmán Cuevas


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01/09/2009

A Mulher Nua de Desmond Morris

Um dos melhores remédios contra a arrogância é a produção de um conhecimento que visa elucidar aquilo que somos e como chegamos a ser o que somos.
No livro "A Mulher Nua", Desmond Morris percorre nossa evolução e apresenta os seres humanos como parte da um imensa brincadeira da natureza. Esta humanidade biológica guarda em suas tentatiivas de adaptação algo de tranqüilizador: não importa o que façamos, nem importa quais são nossos sonhos, o volume da nossa conta bancária nem o quão poderosos possamos nos considerar, no final, somos uma equação "quase" perfeita, uma espécie bem sucedida, um experimento apenas satisfatório da Natureza.


A Mulher Nua ou coisas que você pode saber sobre as mulheres

Existe alguma explicação para o fascínio das loiras?

E a resposta é sim. Uma primeira razão é que os cabelos loiros são mais finos e leves, suaves ao toque, exatamente como o dos... bebês! Vamos lá, a grande maioria dos bebês tem a pele mais clara do que a de seus pais, os olhos mais claros, a pele mais fina, não é? Então podemos imaginar que as loiras passam uma imagem mais infantil do que as morenas, certo? Agora, vamos examinar nossos parceiros masculinos. A natureza, prevenida, achou por bem dotá-los de alguns equipamentos adicionais para garantir que eles cuidassem como deviam dos filhotes da raça. Nesta mochila de viagem biológica está uma reação entusiasmada à simples visão de um bebê macio e fofo. A vulnerabilidade das loiras, artificiais ou não, é simplesmente irresistível para os machos da espécie!

A Mulher Nua ou coisas que você pode saber sobre as mulheres

Por que temos tanto cabelo? Ou, mais especificamente, por que a fêmea humana desenvolveu esta cabeleira? Esta é uma característica que compartilhamos com os galos e com os leões. A farta cabeleira nos distinguia de todos os outros macacos. Ainda mais se a gente imaginar que proporcionalmente aos outros primos símios, nosso corpo quase não tem pêlos. Éramos exóticas e inconfundíveis criaturas com tufos de cabelos ondulando ao vento.
E no caso especifico das mulheres, por que são imberbes, ou seja, sem barbas? Ser imberbe é uma característica dos fetos dos macacos. Adultos são tradicionalmente peludos. Menos nós. Alguns estudiosos acreditam que perdemos os pêlos para poder nadar. E que os longos cabelos das fêmeas humanas eram perfeitos para os bebês humanos agarrarem, sobretudo quando ambos mergulhavam, em busca de comida. Outros dizem ainda que a perda dos pêlos se deu devido ao fato de que a pele nua é mais agradável ao toque em comparação a pele coberta. Além disso, somos seres diurnos e caçávamos durante o dia. Portanto, a outra hipótese para esta falta de pêlos de um lado e excesso de outro é que os cabelos protegiam as cabeças humanas do sol e o corpo despelado ajudava a gente a não sofrer tanto com o calor das savanas da África. Para quem ainda não sabe, nascemos na África, provavelmente todos nós, só depois fomos nos espalhando. E neste caminhar meio que sem eira nem beira dos nossos ancestrais foram adquirindo outras características inusitadas, burilando nossa incipiente humanidade. Humanos dos trópicos, humanos polares, humanos do deserto... Digamos que você fosse um homo sapiens do deserto, filho de uma longa cadeia de outros homo sapiens do deserto. Ao longo dos séculos, você teria adquirido algumas peculiaridades muito úteis, como uma pele mais resistente ao sol ou uma incrível familiaridade com os vizinhos, no caso, os camelos, por exemplo. A meta da Natureza é preservar, é empurrar para o futuro seus rebeldes filhos... era, portanto, fundamental que a gente conseguisse distinguir as criaturas bem adaptadas aos vários ambientes, certo? Pois, então, entra em cena a Natureza e improvisa um pequeno milagre. Sim, daqueles bobinhos e simples, um truque banal, indigno mesmo dos espantosos poderes da Grande Mãe: assinalar estas mudanças com sinais vistosos e de grande efeito: alguém pensou nos cabelos? Acertou... Daí nasceu nossos cabelos escuros e grossos ou fininhos e loiros, ruivos para se destacar nas paisagens desérticas, escuros e lisos para deslizar pela neve.
Mas a gente gostou da brincadeira e resolvemos seguir em frente: penteados, perucas, tintas, presos, soltos, os cabelos femininos, com os cerca de 140 mil fios que crescem uns 13 cm por ano constituem o maior atributo de feminilidade da raça. E são inegavelmente atraentes. Neste sentido, o cabelo longo, esvoaçante, ondulado feito capim na paisagem ensolarada é um atrativo irresistível. Tanto é que em algumas comunidades religiosas, ao longo dos milênios, a prudência mandava escondê-los, como solução infalível para neutralizar o poder erótico da cabeleira selvagem da fêmea humana!

A Mulher Nua ou coisas que você pode saber sobre as mulheres

Bochechas: A ausência de barba é um dos sinais mais visíveis da distinção de gênero entre humanos. Se a mulher nunca chega a ter um rosto peludo é para manter a aparência de criança que precisa de proteção. Segundo o autor, bochechas coradas remetem sinal de virgindade. “A mulher que cora diante de uma comentário de conotação sexual obviamente tem consciência de sua sexuallidade, mas ainda preserva certa ignorância.” Mulheres assim geralmente são jovens: eis por que a maquiagem facial, quase sempre descarrega tons avermelhados na face.

Lábios: Nos animais, os lábios humanos são os únicos curvados para fora. Nossos lábios não são apenas infantís, são embrionários: eles têm a forma de lábios de um feto de chimpanzé de 16 semanas. Caracaterística que se mostra bastante útil pára sugar o leite dos seios também exclusivas da fêmea humana. Num homem adulto, os lábios se tornam um tanto mais esticados e finas; mas na mulher, os lábios se mantêm carnudos e macios…Prontos para serem beijados. A conotação sexual da boca, vem de outros lábios peculiares as fêmeas, os lábios vaginas – que não se chamam lábios à esmo. A semelhança está na forma, textura e coloração, e todos os lábios da mulher agem da mesma forma com excitação sexual: ficam mais túrgidos, mais rubros e sensíveis. As mulheres não tardaram a descobrir essa vantagem e usa-lá a seu favor. (O batom vermelho surgiu no antigo Egito, com as prostitutas sem clientela).

Pescoço: O pescoço feminino e mais longo e delgado que o masculino – em decorrência do torax mais curto das mulheres e da compleição mais musculosa dos homens. De um jeito ou de outro, pescoços esquios sempre foram sinal de feminilidade e sensualidade.

Seios: São 2. E são únicos. Além de produzirem leite para prole, despertam interesse erótico no macho. Coisa que não ocorre em nenhuma outra espécie – após o período de lactação, as tetas das fêmeas simplesmente desaparecem. Nas mulheres, não: as mamas até aumentam quando cheias de leite, mas continuam protuberantes mesmo quando não há nenhum bebê para alimentar. Esses seios são uma artimanha da evolução para estiular a procriação. Seios protuberantes simulam os sinais sexuais emitidos pelas nádegas – algo oportuno para quem assumiu uma postura ereta e é quase sempre vista de frente. O par de seios permite manter a sensualidade emitida pelas nádegas, mesmo sem dar as costas ao interlocutor.

Cintura: A razão de homens serem atraídos por mulheres de cintura fina e tão simples quanto cruel: depois do primeiro parto, essa parte do corpo se expande irremedialvelmente. “Mesmo que ela consiga com um regime alimentar rigoroso, recuperar o corpo esbelto que tinha antes da gravidez, a cintura nunca vai ser tão fina”, afirma Morris. Segundo ele, depois de vários partos a circunferência da cintura da mulher aumenta de 15 a 20 cm. Portanto, uma cintura de pilão dá ao homem a impressão de estar diante de uma fêmea que ainda não desempenhou sua função de reprodutora – o que, em tempos primitivos, significava o mesmo que mulher virgem.

Genitais: Comparada ao aparelho de nosso parentes mais próximos – os símios – a genitália da fêmea humana apresenta uma sensacional evolução: a capacidade de produzir prazer. Usemos como exemplo o coito entre 2 babuínos: o pênis entra e sai em média 6 vezes da vulva, numa performance que não costuma durar mais de 8 segundos. A macaca não tem tempo nem de pensar num orgasmo. Se a coisa é diferente na nossa espécie, isso não se deve apenas à extrema sensibilidade dos tecidos genitais femininos – algumas peculidaridades do pênis humano também ajudam. Macacos não conhecem o que chamamos de ereção: seus orgãos são finos e sustentados por ossos. Já o nosso aparato desossado fica pronto para o uso somente quando a excitação manda para lá um suprimento extra de sangue. Isso alonga o pênis, mas é o aumento do calibre que realmente faz a diferença. A pressão do pênis nas paredes váginais e a sensibilidade de todo o parelho genital. O clímax de tudo isso é o orgasmo.

Nádegas: Dentre todos os animais, os humanos são os únicos dotados de nádegas avantajada. Isso porque também somos os únicos mamíferos a andar sobre 2 patas o tempo todo – os fortes músculos glúteos são essenciais para que possamos adotar essa postura. Em especial nas mulheres, as nádegas exercem também um forte (fortíssimo, gigantesco, colossal…) apelo sexual. A bunda feminina difere da masculina em 3 pontos essenciais: é maior, mais empinada e rebola . Não é preciso dizer o quanto essas qualidade agradam os homens. Não se sabe ao certo por que, mas, segue uma hipótese: como nossos ancestrais andavam quase sempre de 4 e sempre copulavam por trás, os sinais sexuais eram naturalmente emitidos pela reta-guarda feminina. Quando assumimos a postura ereta e desenvolvemos os músculos glúteos, as formas arredondadas das nádegas substituiram esse sinal primitivo. “As mulheres com grandes traseiros enviavam fortes sinais sexuais, e com isso, as nádegas foi crescendo através das gerações”. As mulheres passaram a ter superbundas a ponto de atrapalhar a cópula – o que teria propiciado o nascimento do coito frontal e o surgimento dos seios como sinal sexual alternativo na frente do corpo feminino e, como consequente, aumento dos seios e diminuição das nádegas.

Pernas: A atração dos homens por pernas femininas é tão grande que existem revistas especializadas em atender à demanda por esse tipo de fetiche. A principal razão disso é geométrica: ao olhar os segmentos de pernas, um homem inevitávelmente imagina o vértice, o ponto onde elas se cruzam (fato). “É quase como se, na mente do homem, o par de pernas funcionasse como uma placa que indica o caminho para a ‘terra prometida’”. Pernas longas são particularmente queridas pelo imaginário masculino por serem um sinal de maturidade sexual: nas mulheres adultas os membros inferiores são, em comparação ao tronco, mais compridos que os das crianças.

Pés: Como não precisavam percorrer grandes distâncias atrás de caça na pré-história, as mulheres acabaram dotadas de pés menores que os dos homens – mesmo proporcionalmente ao corpo. Assim, pés pequenos são associados a feminilidade. Esse é o motivo de mulheres de comportamento masculinizado serem chamadas de “sapatão” e é também uma fonte de constrangimento para meninas cujos pés se desenvolvem mais rápido que o resto do corpo. Para terem pés considerados femininos, as mulheres desde sempre tem se submetido a torturas. A mutililação de garotas chineses, que tinham seus pés enfaixados para que parecem de crescer, é só um extremo. Os sapatos estreitos e de salto alto – a elevação do calcanhar faz com que pareça mais curto – estão aí para provar.

Neotenia

Seria a manutenção de características infantís no indivíduo adulto. Um exemplo seria a peculiaridade de brincar do Homo sapiens. Mesmo adultos não paramos de brincar, ao contrário das outras espécies, só mudamos o nome das brincadeiras para arte, pesquisa, música, poesia… A neotenia se manisfesta de formas variadas no homem e na mulher. Enquanto ele é mais infantil no comportamento – conservando o elemento de risco da brincadeira -, ela mantem características de crianças no corpo adulto. A vantagem do "corpinho de criança" é clara. A evolução progamou o macho para defender a prole. Assim, ela preservou a voz aguda, o rosto liso, as formas curvilíneas. Porém a neotenia é só uma das ferramentas evolutivas que moldaram, no caso, o corpo feminino.



31/08/2009

Civilização e hipocrisia

Existem infinitamente mais homens que aceitam a civilização como hipócritas do que homens verdadeiramente e realmente civilizados, e é lícito até perguntarmo-nos se um certo grau de hipocrisia não será necessário à manutenção e à conservação da civilização, dado o reduzido número de homens nos quais a tendência para a vida civilizada se tornou uma propriedade orgânica.
Sigmund Freud



Hipocrisia, hipocrisia

Para que servem esses píncaros elevados da filosofia, em cima dos quais nenhum ser humano se pode colocar, e essas regras que excedem a nossa prática e as nossas forças? Vejo frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o fazer. Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho amoroso à mulher de um colega. Aquela com quem acabais de ilicitamente dar uma cambalhota, pouco depois e na vossa própria presença, bradará contra uma similar transgressão de uma sua amiga com mais severidade que o faria Pórcia.
E há quem condene homens à morte por crimes que nem sequer considera transgressões. Quando jovem, vi um gentil-homem apresentar ao povo, com uma mão, versos de notável beleza e licenciosidade, e com outra, a mais belicosa reforma teológica de que o mundo, de há muito àquela parte, teve notícia.
Assim vão os homens. Deixa-se que as leis e os preceitos sigam o seu caminho: nós tomamos outro, não só por desregramento de costumes, mas também frequentemente por termos opiniões e juízos que lhes são contrários.

Michel de Montaigne



29/08/2009

O valor de todas as coisas



No final das contas, o valor de todas as coisas é igual a zero. Sou eu quem determina valor de qualquer coisa. Mas ao assim fazer devo ter claro que o faço para tornar a vida menos vazia do que ela realmente é.


Alexsandro

04/05/2009

Canalha, cínico ou fraco? Escolha seu perfil.

Levando em consideração o comportamento das pessoas quando estão reunidas em grupos, Jacques Lacan classificou três tipos:

Os Canalhas
aqueles ou aquelas que assumem o lugar do outro, ou seja, que pretendem ter o comando sobre o objeto do desejo dos outros. Os canalhas tentam impor as regras aos que o cercam, tenta modelá-las.

Os Cínicos
só pensam no próprio prazer, mas não tentam impor aos outros (aliás, eles não dão muita bola para os outros).

Os Fracos
dóceis, crédulos, concordantes, os fracos se deixam englobar no discurso do outro a ponto de ser engolido por ele, pois são suficientemente instáveis para se deixarem levar por quem quiser dar uma de chefe.



24/04/2009

Uma nota necessária sobre a esquizofrenização da sociedade e a depressão

O modo de produção e de reprodução da vida hoje em nossa sociedade, o modelo de vida nela instalado e em funcionamento é, potencialmente, depressivo e causador de depressão. Neste sentido a depressão é algo bem maior do que um problema individual, dessa ou daquela pessoa. Neste sentido a depressão não deve ser vista como um problema pessoal. Deve ser entendida como um vírus, uma bactéria, como uma doença externa ao sujeito, que, sem defesas ou com baixa imunidade, permite que ela se instale em seu corpo.
Há uma espécie de esquizofrenização da sociedade em pleno curso e não enxergar esse processo é se colocar à disposição, a qualquer momento, para a instalação em si de processos depressivos e/ou esquizofrenizantes (cuja distinção aqui não tem importância alguma). Diante desse fato, pode ser que uma pessoa acometida de depressão já não possua - sozinha - condições de se dar conta de que é mais uma vítima (sem vitimismo, sem infantilização, e sem excluir a responsabilidade pessoal pelo gerenciamento ou alienação do gerenciamento de sua própria vida). O fato é que a pessoa com depressão, tende a acreditar que o problema que gerou a depressão foi criado por ela mesma (o que pode só em parte ser verdadeiro, digo isso com o intuito de não excluir as responsabilidades que cada um tem, pelo menos, por deixar instalar a dita cuja em seu corpo).
Uma única pessoa não conseguiria o grande feito de criar o que se conhece hoje por depressão. Tal criação só é possível social e coletivamente, dentro de espirais de produção e de reprodução da vida nos moldes em que pôde escolher para reger esta mesma vida social coletiva. Acontece que a espiral coletiva que nos move e que se encontra sob a égide do capital, do grande e sacro mercado, do salve-se quem puder, do tombo no outro para subir e de procedimentos congêneres, não poderia deixar de produzir venenos psíquicos nocivos à saúde mental. Então, quando se fala em esquizofrenização em curso, é mais ou menos isso: produção em massa de depressivos e esquizofrenicos e um milhão de outras doenças psíquicas. É uma grande máquina de esquizofrenizar e deprimir.
Fala-se comumente que tais problemas decorrem de uma falta de adaptação social, mas, ao contrário, afirmamos que é o excesso de adaptação social (a gosto e/ou a contragosto), o inicio e a causa de tais problemas - só alguém esquizofrenizado consegue se ajustar plenamente ao tipo de sociedade corrente.
Acredito que este tema passa também por uma desconfiança que as pessoas possam ter quanto ao seu próprio poder de poder escolher quem querem ser. O que nos remete ao problema da identidade. Vivemos em um ambiente de identidades esfaceladas e neste sentido, muito mais suscetíveis às investidas esquizofrenizantes e depressivas do capital.
Um primeiro movimento autônomo pode ser a saída das armadilhas do mercado, qual seja, uma critica cética que busque transgredir as leis do mercado, rompendo com a idéia de esquizofrenia e de depressão.

23/04/2009

"Eu não as condeno à morte"

Eu compreendo, também, porque as pessoas sentem minha escrita como uma agressão. Elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte. Na realidade, sou bem mais ingênuo do que isso. Eu não as condeno à morte. Simplesmente suponho que já estejam mortas.

Michel Foucault

01/03/2009

Como explicar o surgimento de tudo

Dizer que a solução para o problema do surgimento de tudo pode ser resolvida com Deus, algo que cria, magicamente, tudo e pronto, pode parecer simples, mas não é. Responder qualquer pergunta com a afirmação de que foi Deus e assim ter a solução para todos os problemas, acaba não sendo a melhor saida. Colocando o problema do surgimento de tudo numa 'caixa preta' chamada Deus, acabamos criando um problema pior : "Como Deus apareceu?" Devemos entender que Deus é algo muito complexo, pois ele tem o poder e energia para criar tudo, e se pensarmos bem veremos que isso é algo realmente espantoso! Então, Deus é algo muito mais complexo do que o próprio Universo, já que o Universo foi criado por ele. Enfim, acabamos por trocar um problema mais simples -o do Surgimento do Universo - por um outro - o do surgimento de Deus - que é mais complicado. Desta forma, ao invés de simplificar estamos complicando. Podemos tentar escapar desta questão - do surgimento de Deus - dizendo que"as pessoas não podem entende-lo" ou que "ele sempre existiu". Mas a questão seguinte é: devemos fugir desse problema ou não? Devemos entender que a primeira resposta (que não podemos entende-lo) é um modo de fugir do problema levantado, é o mesmo que dizer: “Esqueça, não pense sobre isso!” E fazendo isso apenas trocamos um problema complicado - da origem do Universo - por um outro muito mais complicado e agora insolúvel - da origem de Deus. Dizer que ele sempre existiu também não refresca. Se precisamos de algo, mais complicado e complexo que o Universo, que precise que sempre tenha existido, para explicarmos a origem do universo, então é mais fácil supormos que o próprio Universo sempre tenha existido, pois ele é mais simples do que Deus. Se as coisas se passam dessa forma quando buscamos uma explicação para origem do Universo, a idéia de Deus atrapalha mais do que ajuda. Sobretudo se levarmos em consideração que isso é apenas uma introdução às contradições que aparecem quando se coloca Deus para explicar as coisas. Agora, se partirmos de um universo simples, que começou apenas com partículas simples, então a ciência já dá conta de explicar como apareceram o Sol, a vida, etc... Pelo menos no ponto em que nos encontramos, tudo fica mais fácil de entender sem a noção de Deus.

19/02/2009

O animal confinado de Amauri

O animal que é colocado à força em um cativeiro reage agressivamente contra essa situação. Entretanto, quando ele está, de alguma forma, adaptado ao cativeiro, apenas come, bebe água, dorme muito. Nessa situação, o animal apenas sobrevive. Embora esteja livre das ameaças dos predadores, esse animal apresenta comportamentos muito diferentes dos que vivem livremente. Limitado pela arquitetura do cativeiro, a sua força não encontra a via suficiente para agir e modificar o ambiente. Enquanto sobrevive no cativeiro, ele não passa pelas experiências fundamentais de procurar o seu alimento, de voar, de enfrentar riscos, de fugir do que o amedronta, de explorar o seu ambiente, de inventar soluções para os problemas que sempre surgem no seu habitat. Com o passar do tempo, esse animal torna-se inevitavelmente entediado porque praticamente tudo que acontece no ambiente artificial em que habita é previsível - as condições em que vive impedem que o imprevisto surja como uma abertura para a sua ação. Em suma, o animal que vive no cativeiro é incapaz de criar um mundo próprio. As tentativas de introduzir nos cativeiros objetos que provocam um mínimo de imprevisto para estimular os sentidos do animal, de maneira que ele possa ter alguma ação, apenas funcionam como paliativos... Já o animal homem, escondido sob o invólucro da racionalidade, busca o confinamento voluntariamente. Ele sobrevive enclausurado no mundo artificial arquitetado para que a sua força seja continuamente impedida de vazar. No seu cotidiano, ele desloca-se de um cativeiro a outro, o que lhe dá uma aparência de “liberdade”: seja no transporte público, no seu local de trabalho, nos estabelecimentos de ensino ou na sua própria casa, a potência do seu corpo de criar as conexões com outros corpos é continuamente refreada. Tal como o animal que sobrevive no cativeiro, o homem experimenta, na maioria das vezes, uma violência contra o seu próprio corpo, realizada dentro dos espaços modernos de confinamento – violência que é autorizada por leis que visam o seu “bem-estar”. Assim é produzido um indivíduo covarde, resignado, inofensivo e, evidentemente, muito fácil de ser enganado. Diante dessa violência, é inevitável que o seu corpo passe a reagir através de vários sintomas que apontam para uma degradação acelerada. Uma vida assim exige respiro e alívio. Constituída por seres aprisionados que amam o poder, a máquina social que organiza os indivíduos dentro dos espaços de confinamento também oferece os paliativos necessários para combater o tédio que os assola, de modo a mantê-los distraídos antes que esses sofredores destruam o funcionamento do perverso sistema de reprodução de seres atrofiados. Consumidor voraz das quinquilharias reproduzidas sob medida para os doentes, o homem-confinado padece cada vez mais porque nem sequer pode imaginar que a criação de um mundo próprio corresponde à liberdade de efetuação da sua natureza – liberdade que se exprime em um corpo apto a fazer, na maioria das vezes, as coisas que somente lhe interessa; liberdade que se exprime em um indivíduo que ama o risco, que dá boas-vindas ao imprevisto, que cria as suas próprias condições de sobrevivência ao inventar os atalhos no mundo em que vive. Antes a ação do que a crença em uma ideologia... Pois somente enquanto vive, o homem é capaz de desprezar os engodos que servem para aliviar, de modo efêmero, o desespero dos confinados.


Amauri Ferreira
(http://amauriferreira.blogspot.com)

05/02/2009

Nietzsche e a afirmação da vida



"Deus está morto" não trata apenas de ateísmo, mas da necessidade de romper a "moral de rebanho", ou seja, romper com as verdades tidas como inquestionáveis e o que é aceito por imposição, abrindo espaço para uma vida onde as potencialidades humanas sejam vividas em sua plenitude.


A máxima "tornar-se aquilo que se é" indica a tarefa de pensar por si mesmo.

22/01/2009

A inquietude rebelde de Michel Foucault


Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo.

Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não somente enquanto identidades, mas enquanto força criativa.


Intelectuais, nunca os encontrei. Encontrei pessoas que escrevem romances e pessoas que curam os doentes. Pessoas que estudam economia e pessoas que compõem música eletrônica. Encontrei pessoas que ensinam, pessoas que pintam e pessoas de quem não entendi se faziam alguma coisa. Mas nunca encontrei intelectuais.

MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

Seja forte, a menos que você seja um fraco.

As ilusões perdidas estão perdidas.

Aos que te jogarem pedras, agradeça. Com elas você pode construir seu túmulo.

Mesmo que você chegue à estaca zero... você ainda estará na estaca zero.

Nem tudo é possível quando se quer.

A burrice tem três características fundamentais

1. Ela é inconsciente e recidiva: o burro não sabe que é burro e tende a repetir várias vezes o mesmo erro. Tais características contribuem para dar mais força e eficácia à ação devastadora da burrice. A pessoa estúpida não reconhece os próprios limites, fica fossilizada em suas convicções particulares e não sabe mudar. Por isso, como diz o psicólogo italiano Luigi Annoli ' no âmbito clínico, a burrice é a pior doença, por ser incurável '. O estúpido é levado a repetir os mesmos comportamentos porque não é capaz de entender o estrago que faz e, portanto, não consegue se corrigir.

2. A burrice é contagiosa. As multidões são muito mais estúpidas que as pessoas que as compõem. […] ' O contágio emotivo próprio do grupo diminui a capacidade crítica', explica Anolli. 'Percebe-se a polarização na tomada de decisão: escolhe-se a solução mais simples, que na maioria das vezes é a menos inteligente.'

3. Além da coletividade, há um outro fator que amplifica a burrice: estar numa posição de comando. 'O poder emburrece', afirmava o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Por quê? Quando estão no poder as pessoas muitas vezes são induzidas a pensar que, justamente por ocuparem aquele posto, são melhores, mais capazes, mais inteligentes e mais sábias que o resto da humanidade. […]


(formou-dissecaepublica.blogspot.com)

Burrice

Descobri que pessoas burras têm o poder de me deixar muito mais irritado ainda e louco por lhes dizer umas verdades que mereceriam ouvir, mesmo sabendo que não adianta, porque é impossível convencê-las apenas com argumentos lógicos. Essas pessoas só aceitam o que passa pelo seu crivo interno, que funciona de uma maneira estranha, só compreensível por elas.


Particularmente, sempre desconfiei que a burrice fosse uma doença e também contagiosa, quando disseminada entre multidões ou mesmo no convívio em pequenos grupos sociais. E, de fato, o que eu supunha, agora é uma certeza, depois que minhas pesquisas me levaram a concluir que burrice é uma doença que não só é contagiosa, como pode ser genética. Resumindo, existem três tipos de burrice: a de nascença ou por doença; a adquirida por contágio na convivência e a por negligência ou defeito de personalidade por inércia. Qualquer que seja o caso, ela é extremamente nociva para os que sofrem do mal e para os que convivem com o acometido. O curioso nisso tudo é que a pessoa que sofre de burrice não tem consciência de que possui essa anomalia e, por isso, não procura mudar. Continua, assim, a espargir os efeitos do seu comportamento, como se fosse um vírus.



O problema é que, além da preguiça mental, as pessoas não admitem que são burras, preferem continuar como estão e ofendem-se se alguém lhes aconselhar a mudar de comportamento.



(formou-dissecaepublica.blogspot.com)

21/01/2009

O insuportavelmente bom prazer de Clarice Lispector



O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós.


07/01/2009

O risco que todos corremos

Em um mundo cheio de idiotas como o nosso, se em algum momento pairar a dúvida sobre ser-se ou não um idiota, o melhor que se tem a fazer é ficar quieto, pois, do contrário, fazer ou dizer algo é correr o risco de ter toda dúvida esclarecida.