A coisa mais difícil para todos nós é admitir-se como alguém
que contribui para manutenção do inferno ou como alguém que é parte integrante
dele. Pelo contrário, é mais fácil nos vemos como pessoas que anunciam o
paraíso, que contribui para sua manutenção, como sábio que pode guiar a todos
para ele.
Entendo o que Sartre quis dizer quando afirmou que “o
inferno são os outros”. Mas convenhamos, o paraíso também são os outros, mesmo
que não seja fácil estabelecer a diferença entre um tipo de pessoa e outro. ¿O
que fazer? Não sei, mas Italo Calvino nos deixou uma luz que pode servir de
indicação:
Há duas maneiras de não sofrer. A primeira parece fácil para a maioria das pessoas e consiste em aliar-se ao inferno até não mais senti-lo. A segunda é difícil e exige aprendizado continuo e constante e consiste em saber quem e o quê, no meio do inferno, que não é inferno e preservá-lo e abrir espaço!
Alexsandro