11/04/2010

Para que serve uma teoria


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Uma teoria é como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o significante... É preciso que sirva, é preciso que funcione. E não para si mesma. Se não há pessoas para utilizá-la, a começar pelo próprio teórico que deixa então de ser teórico, é que ela não vale nada ou que o momento ainda não chegou. Não se refaz uma teoria, fazem-se outras; há outras a serem feitas. E curioso que seja um autor que é considerado um puro intelectual, Proust, que o tenha dito tão claramente: tratem meus livros como óculos dirigidos para fora e se eles não lhes servem, consigam outros, encontrem vocês mesmos seu instrumento, que é forçosamente um instrumento de combate. A teoria não totaliza; a teoria se multiplica e multiplica. E o poder que por natureza opera totalizações e você diz exatamente que a teoria por natureza é contra o poder. Desde que uma teoria penetra em determinado ponto, ela se choca com a impossibilidade de ter a menor conseqüência prática sem que se produza uma explosão, se necessário em um ponto totalmente diferente. Por este motivo a noção de reforma é tão estúpida e hipócrita. Ou a reforma é elaborada por pessoas que se pretendem representativas e que têm como ocupação falar pelos outros, em nome dos outros, e é uma reorganização do poder, uma distribuição de poder que se acompanha de uma repressão crescente. Ou é uma reforma reivindicada, exigida por aqueles a que ela diz respeito, e aí deixa de ser uma reforma, é uma ação revolucionária que por seu caráter parcial está decidida a colocar em questão a totalidade do poder e de sua hierarquia.

Deleuze

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Para não jazermos na estática do nada


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Faço minhas as palavra de um texto presente em um panfleto acadêmico que trazia as reflexões de alguém sobre seus professores e colegas de sala, sobre o processo educativo que estava vivenciando: “Lamento por alguns terem que se calar, num lugar onde deveriam dar voz! Lamento pelos que tem que aprender algo daqueles que não acreditam no que ensinam! Lamente pelos que não percebem, pelos que não se movem, pelos que não lamentam. Lamento pela “...energia abandonada...” “...a força desaproveitada...”, “...a transcendência que se não realiza...” pelos “que podendo mover milhões de mundos, jazem no estático do nada”.
Para não jazermos na estática do nada pensemos a educação como algo que tem de nos ferir e trespassar. Se aquilo que estamos estudando ou ensinando não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos estudando ou ensinando? Porque nos faz felizes? Para encontrar felicidade? Seríamos felizes precisamente se não tivéssemos escolas ou educação. A espécie de educação que nos torna felizes é a espécie de educação que não nos desperta para nada. Nós precisamos de uma educação que nos afetem como um desastre, que nos magoem profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Uma ação educativa tem que ser como um machado quebrando o mar de gelo que há dentro de nós. Uma ação educativa só vale se funcionar como uma metralhadora giratória contra a sociedade (capitalista) que nos capturou - é a educação a serviço de sua extinção, isto é, da salvação, isto é, da nossa salvação. É a educação como possibilidade de vivenciar a libertação do pensamento e da vida em ato.

Alexsandro A. Oliveira
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08/04/2010

Pequeno manual de coerência acadêmica

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Se não encontrou nenhum tema do seu interesse, veja se não está no lugar errado e enquanto isso mantenha-se em sua insignificância.

Se não tiver algum domínio sobre os temas tratados, evite comentar sobre o que desconhece, no máximo faça perguntas coerentes buscando esclarecer-se sobre o tema.

Você tem como contribuir para um melhor entendimento do tema? Ótimo. Caso contrário, evite falar ou escrever.

Se não for compartilhar nada relevante dentro do tema, fique quieto.

Sempre evite falar aquilo que os outros consideraram como descartável ou perda de tempo.

Nunca faça sermão a respeito de nenhum tema. Nunca.

Evite a todo custo falar coisas sem nexo.

Opiniões são sempre perigosas, procure sempre alguma base teórica para seus comentários. Procure evitar argumentos metafísico e incoerentes, senso comum e clichês.

Não faça os outros perderem tempo com inutilidades.

Não desvirtua o tema.

Pense varias vezes sobre suas opiniões, antes de expressá-las.


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04/04/2010

A insuportável felicidade dos animais




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MENSAGENS DE AUTO-AJUDA

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A tal busca por um auto-conhecimento é bobagem, balela. De fato, qualquer empenho no auto-conhecimento é caminhar para a descoberta dos limites aos quais estamos presos.

Abrir a caixa de Pandora das questões humanas é se deparar com monstros.

“O mundo não vai melhorar, mas eu vou dá certo.” Há prova maior de auto-engano que tal afirmação? Ou seja, é acreditar que se vai fazer sucesso onde todos os outros falharam. Pura piada.

Alexsandro
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