17/05/2014

Notas

 O hábito mata até o "querer". É por isso que o hábito torna o "querer mudar" impossível de ser percebido, perseguido, logo, vivido.
  
Só quem tem certeza absoluta de alguma coisa são os psicóticos.

Sabe como é que muitos encontram a felicidade? Fazem sumir com os indesejados da frente de seus olhos.
Não enxergar, não ouvir, não buscar entender e compreender e não se aproximar ou se comprometer ainda é o melhor caminho para ser feliz (ou o único).
  
Os normalopatas dizem: o mundo tá mal, mas eu estou bem.
  
A solidão narcísica provavelmente vem acompanhada de depressão. As duais coisas possivelmente andam juntas e o fenômeno poder ser entendido como algo mais ou menos assim: alguém que acredita que ser entendido pelos outros é algo possível e que isso é a coisa mais importante do mundo, somado ao fato dela se achar tão importante e complexa que o mundo não lhe entender.
  

Entre a estabilidade amorosa e o erotismo há um abismo enorme.


Alexsandro

Sobre salários e famílias



Muitas pessoas não suportam o enfado de uma vida subjugada por um emprego ou por uma família. Uma vida medida e mediada de salário a salário. Infelizmente a maioria das pessoas que vivem de salário em salário acham que estão fazendo o melhor que podem e o melhor por si, julgando aqueles que se recusam a viver assim com adjetivos escusos.
A família é mantida, em grande medida, para que todo mundo dentro dela desabafe suas frustrações** Sobretudo aquelas frustrações de uma vida de trabalho e salário que apenas mantém a sobrevivência, sem nenhuma realização que potencialize a vida ou direcione para um campo de possibilidades mais criativo. Não é a toa que ela seja um lugar tão cheio de agressividades. Como não se pode brigar fora de casa, pois a maioria não tem força suficiente para isso, usa-se como alvo os “amados” parentes.

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** Que outro lugar legitimado pela sociedade haveria para desabafar as frustrações? Além da família só resta o consultório psiquiátrico.



Alexsansro

11/05/2014

Politização dos corpos


Deveríamos nos perguntar o motivo pelo qual se fala e se comenta tanto sobre sexo numa sociedade cuja quantidade de problemas (políticos, econômicos, sociais, educacionais, religiosos, esportivos, etc.) ultrapassa a nossa capacidade de administra-los. Sim, hoje falar de sexo desvia nossa atenção de tudo aquilo que é importante na nossa vida, até mesmo o próprio sexo, pois não falamos dele como forma de expressão criativa de nosso desejo, falamos dele de forma vulgar e mesquinha, diminuída e pobre, tal qual a forma como ele é praticado pela imensa maioria das pessoas. 
Aldous Huxley intuiu algo que pode ser resumido no seguinte trecho do seu livro  Admirável Mundo Novo: 
"Tal é a finalidade de todo condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que não podem escapar". [...] "À medida que diminui a liberdade política e econômica, a liberdade sexual tende a aumentar em compensação". Assim, jogos eróticos são estimulados desde a infância [...].
Muito já foi discutido sobre o livro e sobre o tema, mas muito ainda há para ser discutido, basta pensarmos em temas como: sexualização da infância, sexualização das mercadorias, sexualização das doenças, etc.
Traduzindo: ao invés de nos preocuparmos com a política da vida da nossa sociedade, uma preocupação que deveria ser compartilhada por todos, afinal, nossas vidas, seja no espaço privado ou público, são expressões políticas de ser e de viver e, da mesma forma, ao invés de politizarmos e estetizarmos nossas práticas sexuais, tornando-as mais ricas e menos preconceituosas, assistimos ao que Huxley intuiu: a armação de um jogo no qual desviamos toda nossa atenção para mesquinharias corporais que, como idiotas, chamamos de “nossas práticas sexuais”, achando que elas tem a ver com erotismo, quando, na verdade, não passam de pobres expressões de um corpo colonizado por uma biopolítica do desejo que toma todas as suas forças para torná-lo, sobretudo, um corpo produtor no sistema econômico, enquanto o faz acreditar que sua satisfação se encontra em plena realização. Um corpo que não expressa uma política do desejo para além do que é submetido é um corpo sendo mortificado. 


Alexsandro