06/04/2015

NÃO É O FIM DO MUNDO, MAS PODE ACONTECER ANTES DO FIM DO MÊS


Zeca Baleiro tem uma música (Drumembeis) na qual um dos seus versos diz assim: “Tá todo mundo com medo do fim do mundo / mas pior que fim do mundo / para mim é o fim do mês.” O que representa essa declaração? Que as preocupações cotidianas são aquelas que tomam conta de nossas vidas. Estamos mais preocupados em garantir o próximo fim do mês do que em garantir a continuação da espécie humana. Que estamos mais preocupados com a água da geladeira do que a do reservatório. Que pouco importa o mundo todo se o meu emprego estiver garantido. Que pouco importa o atentado terrorista desde que não atentem contra meu quintal.
Vivemos atualmente, como população de um país, Brasil, e como humanidade, uma série de problemas cuja novidade se encontra no grau de sua escala e no real perigo que representam para a vida humana na forma como ela se encontra hoje sendo experimentada. Isso significa que, nosso modo de vida pode acabar a qualquer instante, vivemos sob ameaças constantes, a forma como vivemos é uma bomba prestes a explodir. O motivo? Muitos problemas que hoje afetam o Brasil podem ser vistos em outras partes do mundo. E problemas que já afetam outras partes do mundo logo chegarão por aqui. Problemas para os quais não estamos preparados para enfrentar e pior, não estamos nos preparando para enfrentá-los. Não são problemas que virão, são problemas que ai já se encontram em andamento. Ao listá-los e ao verificar a gravidade de cada um, somado a inércia geral em não querer perceber. Ou, fazendo de conta que eles não são problemas e se são, não nos dizem respeito, temos uma equação cujo resultado se apresenta perigoso. A lista dos problemas que se anunciam não é difícil de fazer, assim como não é um mistério para ninguém. Mas qual o motivo de não prestarmos atenção? É que estamos preocupados com o fim do mês.


Colapso econômico
Vivemos na iminência de um colapso econômico. Nossa economia se baseia em um parâmetro de relação cujo dois dos seus principais componentes não fecham uma conta exata: a dívida e o crédito. É possível entender a linha fina na qual todo nosso modo de vida se sustenta se entendermos que há mais dívidas no mercado do que crédito para pagá-las. Se for somado as dívidas pessoais, institucionais, empresariais e estatais, há mais dívida no mundo que recursos financeiros para pagá-las. Vivemos na iminência de uma falência geral, para tanto basta chegar um momento no qual não se tenha como pagar as dívidas.


Escassez de água
Quando se fala em escassez de água pode parecer um assunto batido ou do qual todos já tem consciência e esclarecimento sobre a relevância de compreender os riscos que corremos. O problema é que não é isso que acontece. Bem pelo contrário, não se encontra em andamento nenhum programa sério para encarar o problema.
O Brasil é um bom exemplo do descaso geral de como o problema da água vem sendo tratado: desperdícios os mais variados e contaminação pelos mais diversos tipos de produtos definem a forma irresponsável como tratamos a água por aqui. Mas vale lembra que isso acontece no mundo todo.


Crescimento populacional em um mundo de recursos finitos
Outra conta que não estamos fazendo é a da relação entre recursos finitos e crescimento populacional.
A população brasileira mais do que dobrou em menos de cinquenta anos. Se formos analisar esse crescimento em termos mundiais a questão fica ainda mais grave. O que assistimos é o consumo cada vez mais rápido dos recursos naturais por um número cada vez maior de pessoas.
Se somarmos escassez de água e crescimento populacional o quadro fica delicado: devemos entender que para sobrevivermos dependemos de produtos, alimentícios ou não, vindos das mais diversas partes do mundo, esses produtos precisam ser produzidos e depois transportados, o que temos é uma bola de neve que só cresce. Muitos desses produtos demandam água ou a poluem. Água que precisamos em maior quantidade a cada ano por conta do aumento populacional. Uma população que consome cada vez mais, o que leva a diminuição dos recursos naturais e que polui a água em ritmo também crescente.


Um mundo sustentado pelo petróleo
Chegamos ao limiar de uma era – a era do petróleo. Criamos toda uma civilização dependente de um produto natural finito e que agora aponta para seu final. O mais grave aqui é que não há alternativa viável que o substitua, ou seja, não existe nenhum outro recurso que consiga fazer aquilo que o petróleo faz com o grau de sua abrangência e velocidade.
Para avaliar o significado do fim do petróleo e do impacto que isso causará basta pensar em apenas cinco setores do nosso modo de vida cuja presença dele é significativa, para não dizer fundamental em alguns: remédios, fertilizantes, comidas, produtos plásticos e combustíveis.


Terrorismo nuclear
Diz respeito a posse de armas nucleares por grupos terroristas. Um problema para o qual poucos dão atenção, mas cujo perigo é real e devastador. Um perigo que não exclui ninguém.


Vivemos na eminência de uma crise energética. Vivemos na eminência de uma pandemia. Vivemos na eminência de um  colapso da produção e distribuição de alimentos. Agora fico imaginando o seguinte: se uma greve de caminhoneiros desestabilizou nosso modo de vida, o que dizer de problemas realmente graves, como a falta de combustível? Se a maior cidade do país passa pela crise mais séria de sua história em termos de falta de água e nada de relevante está sendo feito, o que dizer do resto do país? A resposta é simples, mas assustadora: não estamos preparados, seja individual ou coletivamente, para enfrentar os problemas que virão.



Alexsandro