31/05/2011

A corrosiva arte de amar e ser amado

¿Você quer ser amada por qual tipo de homem? ¿Ser amada por um homem esperto, gostoso e charmoso ou por um idiota, feio e sem graça, qual você prefere? ¿Está disposta a deixar sua vida nas mãos de qualquer um? ¿Qual o melhor elogio: um vindo de um gênio ou vindo de alguém sem inteligência alguma? ¿Ser chamada de gostosa por um feioso um por um bonitão? A lógica é simples: para que a gente se sinta especial é preciso que quem esteja do nosso lado seja especial.
Não é a toa que procuramos inventar e colocar algo de especial em alguém que está do nosso lado, principalmente quando este alguém não tem nada de especial. É assim, precisamos encontrar algum motivo para nos sentirmos especiais, precisamos encontrar algum motivo no outro para que ele seja especial porque isso me torna especial. Se for feio, digo, mas é simpático, inteligente. Se for gordo, digo, mas é gostoso, faz coisas maravilhosas na cama. Se for pobre, digo, mas cuida de mim como ninguém e é tão esforçado. Mas para que meu jogo mental funcione tenho que ficar o tempo todo procurando e inventando motivos para me convencer e não fazer a cruel pergunta: ¿por que não tenho alguém especial do meu lado? ¿Onde errei? ¿Por que não escolhi melhor? ¿E se ele fosse bonito, inteligente e gostoso minha vida não seria melhor?
¿Já tentou imaginar o que é ser alguém especial para alguém especial? ¿Ser única para alguém que é único? ¿Ser a escolhida? ¿Quanto vale ser admirada por alguém que ninguém admira? Precisamos do outro para nos sentir vivos. Queremos que nossa vida faça sentido, melhor ainda se for uma vida especial proporcionada por alguém especial.
¿Qual é esse homem especial que poderia fazer de uma mulher qualquer alguém especial? A resposta pode ser corrosiva, mas pense por um minuto antes de tirar qualquer conclusão: seria um homem que pudesse ter qualquer mulher, ter todas. Afinal, se for alguém especial tenha certeza que não só você notou isso. Mas muitas, muitas outras pessoas.
¿E quais são os fatores de atração? Vários. Mas os principais são: dinheiro, inteligência e beleza. ¿Por quê? Simples também: eles aumentam as possibilidades da conquista. Vale também qualquer outro substituto, qualquer coisa que torne o homem especial. Qualquer outro atributo que faça o mesmo o papel do dinheiro, da inteligência ou da beleza.


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28/05/2011

Simples assim

A burrice é feia.
Mais feio ainda é não lutar contra ela.
(Isso não significa que só valeremos se nos tornamos gênios, trata-se apenas de não ser burro a ponto de não enxergar o óbvio sobre a miséria do mundo e suas causas.)




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27/05/2011

MENSAGENS DE AUTO-AJUDA (com Schopenhauer)

O desejo sexual
O desejo sexual, sobretudo quando se concentra na paixão, fixando-se numa determinada mulher, é a quintessência de todas as fraudes desse nobre mundo; isso porque promete indizivelmente, infinitamente e extraordinariamente muito e cumpre miseravelmente pouco.

O homem — uma fera domesticada
É preciso ler histórias de crimes e descrições de situações anárquicas para saber do que o homem é realmente capaz no que diz respeito à moral. Esses milhares de indivíduos que, diante dos nossos olhos, empurram desordenadamente uns aos outros no trânsito pacífico devem ser vistos como tantos tigres e lobos, cujos dentes são protegidos por fortes focinheiras.

O homem — um boneco
Às vezes converso com os homens do mesmo modo como as crianças conversam com seus bonecos: embora ela saiba que o boneco não a compreende, usando de uma ilusão agradável e consciente, consegue divertir-se com a comunicação.

O homem — um mecanismo de relógio
É realmente inacreditável como a vida da maioria dos homens flui de maneira insignificante e fútil, quando vista externamente, e quão apática e sem sentido pode parecer interiormente. As quatro idades da vida que levam à morte são feitas de ânsia e martírio extenuados, além de uma vertigem ilusória, acompanhada por uma série de pensamentos triviais. Assemelham-se ao mecanismo de um relógio, que é colocado em movimento e gira, sem saber por quê. E toda vez que um homem é gerado e nasce, dá-se novamente corda no relógio da vida humana, para então repetir a mesma cantilena pela enésima vez, frase por frase, compasso por compasso, com variações insignificantes.

Instituições de ensino
Quem vê as inúmeras e variadas instituições destinadas ao ensino e ao aprendizado, além da grande multidão de alunos e mestres, poderá acreditar que para o gênero humano a compreensão e a verdade são de extrema relevância. Todavia, também nesse caso as aparências enganam. Os mestres ensinam para ganhar dinheiro e não visam à sabedoria, mas aparecer e receber o crédito de seus semelhantes; e os alunos não estudam para adquirir conhecimento e compreensão, mas para poderem falar e atribuir-se prestígio.

24/05/2011

Mediocridade


A mediocridade é como um vírus que se espalha pelo contato. Os medíocres são os agentes de sua propagação, representam um perigo que anda livre espalhando mais mediocridade. A mediocridade se espalha pela complacência com a mediocridade: aceita-se docemente os imbecis e idiotas, alimenta-se a crença de que é legal ser ser estúpido, vulgar e inculto.

Valores

Valores são princípios que determinam e orientam as nossas ações.
Valores são adquiridos na socialização.
Valores são mitos
Valores são dogmas.
Valores influenciam nossas percepções.
Valores influenciam nossa sensibilidade.
Valores bloqueiam nossas emoções.
Valores produzem medíocres.
Mas a vida teima em negar os valores.
A vida não é valores.
Ela não se basta nos valores.

16/05/2011

A dor da lucidez

Dois momentos do filme "Lugares Comuns".





Minha preocupação é que vocês se lembrem de que ensinar é mostrar. Mostrar não significa doutrinar. Significa dar informação, mas também como compreendê-la e analisá-la, como raciocinar e questionar essa informação. Se algum de vocês for retardado mental e acreditar na verdade revelada, em dogma religioso ou doutrinas políticas, seria mais saudável escolher outra profissão, como pregar de um púlpito ou num fórum público. Se tomarem a infeliz decisão de continuar com isto, tentem deixar suas superstições do lado de fora, antes de entrar na sala de aula. Não obriguem seus alunos a memorizar coisas, não funciona. Eles rejeitam e rapidamente esquecem o que lhes é imposto. Nenhum jovem será um ser humano melhor porque sabe em que ano Cervantes nasceu. Procurem fazê-los pensar, duvidar, se perguntar. Não os julguem pelas respostas, as respostas não são a verdade, a busca delas pela verdade será sempre relativa. As melhores perguntas são as que as pessoas se têm feito desde os tempos dos filósofos gregos. Muitas agora são clichês, mas ainda são válidas: O quê? Como? Quando? Onde? Por quê? Se aceitarmos que a jornada é a meta, a resposta é inválida. Ela descreve a tragédia, mas não a explica. Existe uma tarefa que eu gostaria que vocês executassem. Ninguém lhes designou esta tarefa, mas espero que vocês, como professores, assumam a responsabilidade de levá-la adiante: despertar seus alunos para a dor da lucidez, sem limites, sem piedade.





A lucidez é um dom e um castigo. Está tudo na palavra: Lúcido vem de Lucifer, o arcanjo rebelde, o demônio...Mas também se chama Lucifer a luz do amanhecer, a primeira estrela, a mais brilhante, a última a se apagar... Lúcido vem de Lúcifer e Lúcifer vem de Lux e Ferous, que quer dizer: aquele que tem luz. Que gera a luz, o que traz luz e permite a visão interior. O bem e mal, tudo junto. O prazer e a dor. A lucidez é dor e o único prazer que podemos conhecer, a única coisa que se parecera remotamente com a alegria, será o prazer de ser consciente da própria lucidez. O silêncio da compreensão, o silêncio do mero estar. E nisso se passam os anos. E nisso se foi a bela alegria animal.