23/11/2014

UMA ONDA FASCISTA CRESCE NO BRASIL


Cada vez mais uma onda fascista espalha seu ódio pelo Brasil. A composição de um Congresso Nacional extremamente conservado revela a quantas anda a mentalidade geral da nação brasileira. Contra tudo que se tentou avançar desde o fim da ditadura, caminhamos na contracorrente: vemos crescer o apoio a figuras que representam o que há de mais reacionário e fascista no mundo. 
Não é a toa que uma onda de mentiras varre o país (primeiro traço das ações fascistas). Fala-se numa ditadura comunista advinda dos pobres, negros, gays e deficientes físicos. Nada mais mentiroso, pois o que de fato assistimos é uma ditadura fascista se esboçando. E pior, apoiada por milhões de pessoas que, achando que estão perdendo alguma coisa simplesmente pelo fato de que algumas outras conseguiram um pouco mais que apenas o que comer, que conseguem expressar sentimentos que por muito tempo ficaram escondidos, que podem falar de suas condições como forma de afirmar uma posição política na sociedade, se voltam para as mais horríveis forma de pensamento e ação espelhadas em figuras que só conseguem expressar o que temos de pior. E não há nada pior que atitudes fascistas. E por que são fascistas?
São fascistas por serem sensacionalistas. 
São fascistas por desejarem mais a miséria e a tristeza do outro do que abrir-se para novas formas de encarar o mundo.
São fascistas por expressarem conteúdos preconceituosos se dizendo representantes de um tal “bem comum”. 
São fascistas por pregarem o racismo e a xenofobia.
São fascistas pelo grau de intolerância que expressão em público como forma de ganharem aplausos e visibilidade. 
São fascistas por conta dos seus comportamentos fanáticos. 
São fascistas por defenderem a violência como forma de resolver os conflitos.
São fascistas por se colocarem como superiores frente aos outros.
São fascistas por defenderem apenas seus privilégios.
São fascistas aqueles que não abrem mão de um pouco em nome de justiça social.
E onde encontramos fascismo no Brasil?
Em todos os lugares. Em todas as regiões. Em todas as religiões. Em todas as classes sociais. Em todas as sexualidades. Em todas as escolas. Em todas as casas. Em todas as empresas. Em todos os times de futebol. Em toda programação da TV e do rádio...
É um fenômeno difícil, mas precisamos entendê-lo e lutar contra ele urgentemente.
O primeiro passo é revermos nossa forma de pensar, revermos a quem apoiamos, revermos nossos valores, revermos o que queremos para nós e para os outros a nossa volta.O fascismo deve ser combatido a partir, e principalmente, de dentro de cada um. Deve ser combatido nas instituições onde corroí a partir de dentro. Precisamos compreender que suas artimanhas são diversas e sutis. Nada de firula, o fascismo tem de ser combatido de forma prática e ativa. Devemos ser direto contra ele. O fascismo só pode ser vencido se for enfrentado de modo objetivo e prático. (Mas isso não significa dizer que devemos usas as mesmas formas de ação que ele usa) 
Devemos ter em mente também que o fascismo (e todo fascista) tem uma grande e principal fraqueza: ele não tem respostas para as questões contingentes da vida. Essa cegueira que o(s) acompanha faz com que só consiga(m) ver o mundo e os outros a partir de uma distorção, uma projeção mental, enfim, ele desconhece total e completamente aquilo que não é ele próprio, aquilo que é diverso. E eis ai também a maior vantagem daqueles que vão combatê-lo: como ele acredita que sabe exatamente o que o outro é, esse outro possui um enorme campo de possibilidade de criação e movimento.




Alexsandro

SIMPLES ASSIM


O ceticismo só terá valor se conseguir destruir algumas expectativas idiotas, caso contrário de que valeria tanto esforço acadêmico.
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Não há nada mais horrível que um animal domesticado - vejam os cães e gatos. Neles habitam um rancor que só nós, homens e mulheres, domesticados desde sempre, conhecemos bem. O rancor por ter perdido a inocência selvagem. Tal fato não poderia ser perdoado e não perdoamos: enquanto não domesticarmos todos os outros animais, para que sofram como nós, não descansaremos, e aos que se recusarem, destruiremos.


Alexsandro

A VIDA COMO UM CHUTE NO ESTOMAGO


Como estamos submergidos em sistemas de hierarquias tradicionais acreditamos que o mundo segue ou deve seguir algum plano que conseguimos entender. Como estamos impregnados de uma rotina maçante de burocracia acreditamos que o mundo respeita uma lógica e que essa lógica pode ser administrada por nossa consciência e racionalidade. Enfim, o fato de se acreditar que o mundo vai seguir na direção que desejamos não significa que ele vai. Não vai. O confronto entre aquilo em que se acredita e se deseja e aquilo que acontece sempre causa desconforto. O mundo a nossa volta sempre será maior que as expectativas, esperanças e desejos alimentados. Assim, o fato de se acreditar que o mundo é do jeito que se percebe não significa que ele seja. Deve-se conformar? Não sei. Mas é fato que ele não é e nunca será como se acredita. Basta ver que quando se pensa numa vida ideal geralmente se comete o grande erro de não colocar como a variável mais importante o fato de que a vida nunca segue na direção que se apontou. É, a vida ideal terá sempre como contraponto as transformações do mundo. Na contingência da vida, os acontecimentos não param de surgir. Ou seja, aquele elemento novo, aquele fato inusitado, aquelas escolha não calculado, aquela possibilidade não prevista... sempre virão para nos deslocar de alguma forma. 
E onde se encontra o problema? Na vida? Não. Mas na nossa resistência e na nossa incompetência de buscar outras respostas -- nesse fato se revela a fragilidade da nossa condição.


Alexsandro

MOEDA CORRENTE DO MERCADO


A nossa subjetividade - nossas emoções, formas de pensar, ideias, sensações, sentimentos, personalidade ... – se encontra diante de uma infinidade cambiante de fluxos heterogêneos - todo esse movimento incessante de coisas acontecendo a nossa volta, vindas de todas as direções, para as quais não fomos e, por isso mesmo, não estamos preparados para encara-las. Isso porque o sistema capitalista, centrado no mercado, não nos deixa sossegar um só minuto, seja oferecendo coisas, seja nos tirando coisas. O impacto desse fato sobre os processos de individuação ou subjetivação - o processo pelo qual nos tornamos quem somos - é imenso e perverso. Há um processo fascista de agenciamento de intensidades, ou, o controle, a padronização, a homogeneização e a distribuições de certas emoções, sensações, formas de pensar, ideias e sentimentos para o conjunto da sociedade – distribuição que acontece como com qualquer produto do mercado. Assim, o exercício de nossa individuação – processo pela qual nos tornamos indivíduos – que poderia ser fruto de imensa criatividade, é, de saída, mediado por um sistema metaestável de singularidades pré-individuais e impessoais mediadas pelo capital. 
Ou seja, o sistema simbólico (que define nossa visão de mundo) que usamos para tirar os elementos que usaremos para constituição de quem somos – sistema que só existe enquanto elemento de criação simbólica e cultural, e que dizem respeito as coisas que usamos para nos tornemos quem somos, que são e sempre serão pura invenção cultural, são hoje produzidas nos interstícios do capitalismo. 
Dizendo de outra forma, aquilo que somos ( por meio daquilo que usamos para nos constituir) é nada mais que moeda corrente do mercado - um mercado volátil e instável, que muda incessantemente. 
Por conta disso, o que anda acontecendo conosco? Não estamos conseguindo articular duas coisas duas coisas fundamentais para podermos nos constituir: 
- Sedimentação estrutural - uma estrutura que possibilitaria a estabilidade que precisamos para nos constituirmos de maneira mais potencializada e potencializadora.
- Agitação caótica - o mundo agitado, em constante mudança, no qual vivemos
Conclusão: se a nossa vida é composta por várias áreas de significação e estas áreas se encontram hoje sob o domínio do capital e se em cada área da realidade que adentramos novas exigências emocionais e psíquicas são exigidas de nós, a consequência é que quanto mais coisas mudam, quanto mais instável é nosso mundo, com quanto mais coisas nos envolvemos, quanto mais rápido as coisas acontecem, mais instáveis ficamos, mais ao limite daquilo que podemos suportar somos levado.

AOS QUE CLAMAM POR DITADURA


Você é um FASCISTA. É assim mesmo que você pode ser definido. É, existe um conceito para definir as atitudes, as ideias, as crenças e ações que emana de você. Sabendo ou não, você se encontra alinhado com coisas que sempre representaram o pior que a humanidade produziu.
Você traz consigo um ar de autoritarismo. Confunde adversário com inimigo.
No seu caso e no caso do Brasil, isso tem uma explicação: como povo e como cidadãos (conceitos delicados e difíceis) não entendemos bem o que é o espaço político. Isso também tem uma explicação: nossa história, sobretudo a mais recente, foi pautada por um clima muito ruim, o da ditadura militar, que como toda ditadura, só se sustentava na base de produzir inimigos, reais ou imaginários. Enfim, e para nossa tristeza, nosso “caráter nacional” traz esse ranço, um sabor amargo de totalitarismo que já deveríamos ter cuspido fora, mas que alguns ainda insistem em manter na boca. Sabor que na boca de alguém como você é mais amargo ainda. E isso fica claro quando clama por um poder que venha para destruir o outro, no nosso caso, o caso do Brasil, um outro que nunca te ameaçou, que apenas pensa diferente e que quer vive bem, assim como você quer viver bem. Você pede por uma ditadura como se ela fosse trabalhar em teu nome e para você. Como se ela fosse transformar tua vida para melhor enquanto destrói a do outro. Mas saiba que as coisas não são assim tão simples. Há muito mais coisas implicadas no teu desejo por uma ditadura. Saiba que todo fascista se encontra oscilando entre dois extremos feios e perigosos: a xenofobia e o ufanismo.
Fascista, xenófobo e ufanista não são emblemas bons de ter, a não ser que você realmente queira ser uma pessoa ruim. E como sabemos que muita gente só é boa por falta de opção, tenho muito medo que queira ser ruim e que apenas ainda não teve oportunidade para isso e que sonhar por uma ditadura seja sonhar pela oportunidade de colocar sua maldade para fora. Se você quer ser esse tipo de pessoa, sinto muito por você e por mim. Sobretudo por mim, que a partir de agora corro perigo convivendo com você. Você é ameaçador, você é um risco a minha vida e a vida de todos aqueles que amo e que compartilham comigo o mesmo modo de viver e as mesmas crenças.
Mas se você não quer ser o tipo ruim de pessoa que todo fascista é, sugiro uma coisa: procure entender melhor o país no qual vive. Seus fenômenos e acontecimentos. Pesquise sua história. Saia do seu circulo vicioso, da sua zona de conforto. O país no qual vivemos, assim como todos os países, é cheio de contradições. Ele tem coisas boas e ruins, alegres e tristes. Há pessoas maravilhosas que o habita. Mas há também pessoas muito ruins, por isso, procure ficar alerta para não acabar fazendo parte desse grupo.
Procure entender as razões pelas quais chegamos a esse estado de coisas. O mundo passa por mudanças profundas, mudanças que afetam todos nós. 
Digo-te mais: o maior problema do Brasil hoje é a existência de uma mentalidade presente em todos nós, uma mentalidade que nos faz acreditar que as soluções dos nossos problemas serão fáceis e virão de algum ser iluminado, que com uma varinha mágica transformará a todos em pessoas felizes e incorruptíveis. O problema é que falamos a língua dos fingidos, daqueles que dizem uma coisa e fazem outra. Falamos a língua dos capitalistas achando que falamos a língua dos anjos.
Digo-te mais ainda: desqualificar outros seres humanos por conta de uma região geográfica é naturalizar questões que estão muito aquém deste reducionismo medíocre. Desqualificar outros seres humanos só por que eles pensam diferente é agir como um idiota. Da mesma forma que achar que se faz parte do povo eleito ou que mora na melhor região geográfica do mundo é não entender que todos os recortes que produzem as fronteiras foram frutos de processos dolorosos que deixaram um rastro de sangue e dor que você insiste em querer reproduzir e perpetuar. Insiste na presença de um poder autoritário, insistir que uma separação entre lados que sofrem os mesmos problemas te colocaria no melhor dos lados é não entender que o principal fator das separações é justamente a incapacidade de um lado entender as razões e prioridades do outro, mas agindo de forma intransigente não te fará uma pessoa melhor e, muito menos, não fará nosso mundo e nosso viver juntos melhor. 
Não seja intransigente, só os xenófobos, ufanistas e fascistas são intransigentes.
Corrupção não se combate com ditadura, com totalitarismo, com nazismo, com fascismo. Corrupção se combate com a participação das pessoas nos órgãos das administrações públicas, com a circulação de informações, com pessoas informando e sendo informada. Corrupção se combate não sendo corrupto. Corrupção se combate com amigos unidos formando um só povo, pois amigos não roubam e não desejam o mal para os amigos.
CONTRA UM MUNDO DE FASCISTAS, UM MUNDO DE AMIGOS.



Alexsandro