23/11/2014

A VIDA COMO UM CHUTE NO ESTOMAGO


Como estamos submergidos em sistemas de hierarquias tradicionais acreditamos que o mundo segue ou deve seguir algum plano que conseguimos entender. Como estamos impregnados de uma rotina maçante de burocracia acreditamos que o mundo respeita uma lógica e que essa lógica pode ser administrada por nossa consciência e racionalidade. Enfim, o fato de se acreditar que o mundo vai seguir na direção que desejamos não significa que ele vai. Não vai. O confronto entre aquilo em que se acredita e se deseja e aquilo que acontece sempre causa desconforto. O mundo a nossa volta sempre será maior que as expectativas, esperanças e desejos alimentados. Assim, o fato de se acreditar que o mundo é do jeito que se percebe não significa que ele seja. Deve-se conformar? Não sei. Mas é fato que ele não é e nunca será como se acredita. Basta ver que quando se pensa numa vida ideal geralmente se comete o grande erro de não colocar como a variável mais importante o fato de que a vida nunca segue na direção que se apontou. É, a vida ideal terá sempre como contraponto as transformações do mundo. Na contingência da vida, os acontecimentos não param de surgir. Ou seja, aquele elemento novo, aquele fato inusitado, aquelas escolha não calculado, aquela possibilidade não prevista... sempre virão para nos deslocar de alguma forma. 
E onde se encontra o problema? Na vida? Não. Mas na nossa resistência e na nossa incompetência de buscar outras respostas -- nesse fato se revela a fragilidade da nossa condição.


Alexsandro