06/09/2012

Pereça a pátria e salve-se a humanidade

É estranho pensar que o fato de sermos todos humanos não é suficiente para determinar nossas interações. A expressão “somos todos humanos” perde parte do seu potencial quando pensamos a noção de patriotismo e como esta limita nossas possibilidades. Aos nos tornarmos patriotas deixamos de ser parte da humanidade e passamos a fazer parte de um pequeno grupo de humanos ligados a uma pátria, um estado. Deixamos de ser humano e viramos brasileiro, argentino, paraguaio, peruano, boliviano... E pensar que o contorno de nossos mapas não são naturais. Foram recortados a partir de batalhas, muitas delas sangrentas.
O patriotismo é tema delicado e precisa ser debatido. Ele envolve desde a idolatria a símbolos nacionais, paixão cega àquilo que é regional, preconceito quanto ao outro que não é nacional e, principalmente, um complexo jogo de poder. Aqueles que vivem nas fronteiras dos países vivenciam isso de forma muito clara: o cruzar de uma linha, de uma ponte te coloca em outra cultura, outra legislação e outros valores, faz de cada um não um homem ou uma mulher com outros homens e mulheres, mas um estrangeiro entre estranhos.
Não foram poucos os que tiveram a sensibilidade de sentir o quanto a noção de patriotismo mais divide do que une.


Heroísmo no comando, violência sem sentido e toda detestável idiotice que é chamada de patriotismo – eu odeio tudo isso de coração.
Albert Einstein
Um homem que se respeite não tem pátria. Uma pátria é um visco.
Emil Cioran
Pereça a pátria e salve-se a humanidade.
Pierre Proudhon
Considero-me estrangeiro em qualquer país, alheio,a qualquer raça. Pois a terra é minha pátria e a humanidade toda é meu povo.
Khalil Gibran
Liciane