Desde os tempos imediatamente posteriores a Adam Smith, quando a Economia começou a ser ensinada nas universidades anglo-saxónicas e francesas, que se pode afirmar que a economia começa a configurar-se como uma ciência elaborada «pelos ricos e para os ricos». Com uma ou outra exceção, pode-se na verdade dizer que a elaboração da maior parte das teorias econômicas nasceram nas universidades das elites – frequentadas pelos círculos sociais mais ricos dos países ricos – pelo que são projeções sobre as condições de vida desses mesmos meios abastados. De tal modo isto se consolidou, que na época atual, a maior parte dos textos da economia ortodoxa fazem apenas uma ligeira alusão à problemática dos mais desfavorecidos, e quando o fazem, equacionam-na como uma variável exôgena ao modelo econômico vigente, e ainda por cima, com uma certa dose de «compaixão», mas jamais como um fato merecedor de ser considerado como objeto de estudo por parte da Ciência Econômica. Ou seja, é como se as Faculdades de Medicina não tivessem os doentes como objeto central da sua atividade de investigação.
Não é de espantar que a imprensa econômica especializada, ou as seções de economia nos jornais diários ou dos canais de televisão, só ofereçam notícias sobre a Bolsa, as taxas de juros ou as fusões de empresas, muito embora tais notícias só interessem a uma minoria muito restrita da população.
Joaquín Guzmán Cuevas
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