04/11/2010

A queda do Muro de Berlin e a queda dos pêlos pubianos




Em muitos momentos do século XX os filmes pornográficos estavam ligados não apenas às práticas libidinosas como também às criticas a repressão, sobretudo a repressão da própria libido como expoente de uma repressão geral da sociedade. Larry Flint foi um dos personagens símbolo dessa postura anarco-porno dos anos de 1970. Em muitos roteiros, por trás de muita sacanagem sexual, existiam também sacanagens políticas. Enrabar uma loira peituda, o grande símbolo da cultura americana, era um ato simbólico de enrabar os Estados Unidos. Estávamos em meio à guerra fria. Mas, como todos sabem, os Estados Unidos venceram a guerra. E a grande imagem dessa vitória, que é também uma vitória do capitalismo, é a queda do muro de Berlin. No campo da sexualidade, o equivalente pornografico da hegemonia capitalista e americana é a queda dos pêlos pubianos. Tais quedas representaram o avanço da hegemonia americana e capitalista sobre as práticas políticas cotidianos. Assim como a queda do muro de Berlin representou um golpe nas utopias políticas do século XX, a queda dos pêlos pubianos aparece como o novo símbolo desse controle sobre o corpo e suas práticas.
Se nos anos de 1950 os filmes com a “família feliz” era o sonho dourado que saia dos cinemas e invadia os projetos pessoais, hoje percebemos que os filmes pornôs deixaram de ser lixo cinematográfico e viraram referências para muitas das práticas cotidianas. É curioso perceber que sua influência vai desde seios siliconados, pêlos depilados, práticas, posturas e posições sexuais, até a invasão do imagético cotidiano de todos em termos de relações (afetivas e sexuais) possíveis.
Alexsandro
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