18/11/2010

Uma nota religiosa

Não devemos nos esquecer que as religiões, os ritos religiosos, os movimentos religiosos, os religiosos, as Igrejas e tudo mais, nunca foram ou são manifestações puras e plenas de um deus. Toda experiência religiosa se passa na imanência da idolatria - a adoração a ídolos, valores, idéias, imagens, concretas ou simbólicas, são expressões dessa experiência.
Na nossa condição de homens e mulheres, vivendo numa realidade material, só podemos experimentar a vivência do sagrado por meio de alguma coisa que seja derivada de uma criação humana, seja esta um objeto ou uma lei moral. O que acontece é que podemos confundir “este algo”, na qual se firma a experiência religiosa, com o próprio “mistério transcendente”. Mas este algo é sempre algo culturalmente estabelecido e que ganha seus significado a partir daquilo que é determinado pelas circunstâncias do momento, da época.
Falamos numa experiência do sagrado por meio de práticas religiosas como sendo a possibilidade de vivência de um mistério que transcende o imanente da experiência humana. Mas isso não acontece como fato, acontece apenas como vontade, como desejo nosso que assim seja. Neste sentido é comum que os agentes religiosos acreditem que os sistemas religiosos funcionem autonomamente, não aceitando com facilidade que no emaranhado da sociedade existam uma serie de funções para esses mesmos sistemas religiosos que dizem respeito não a algo transcendente, mas a reprodução de algo social, que não diz respeito a um mistério, mas que é algo que deriva desta mesma sociedade. A religião (qualquer que seja) é, antes de qualquer coisa, uma tentativa humana de viver o movimento da história acreditando na existência de um mistério que está além, que transcende o profano, mas à frente desta crença se encontra nossa realidade humana e suas instituições.
Alexsandro