18/06/2011

Liberdade ou libertação (II)

De saída precisamos entender que liberdade não é um presente gratuito que cai do céu ou uma dádiva da natureza. Também não é algo que se conquista para todo o sempre, que não há liberdade enquanto algo que se possui, algo dado por alguém ou conquistado definitivamente. Uma tal liberdade não existe.
O que há, então? O que há é um processo indefinido de libertação. Um processo. Um processo de luta contra algo, contra alguém ou contra uma situação que nos constrange e da qual buscamos escapar, ultrapassar, superar. O que há é o movimento de lutar para libertar-se. É por isso que diante do mundo e imersos em processos de libertação nos encontramos sempre na contramão de algo, lutando contra algo que nos oprime naquele momento, contra alguma força ou circunstância que de alguma forma tenta nos manter em estado de paralisia, no papel de dominado, obedecendo a alguém ou se submetendo a certos ditames sócio-culturais.
Libertação é processo.
Se assim for, como definiremos, conceituaremos e entenderemos este processo? Quais as implicações deste processo na vida de homens e mulheres? Quais as implicações deste processo na construção e manutenção de uma sociedade? De saída, e aqui não custa repetir, faz-se necessário compreender que nunca experimentaremos a liberdade enquanto tal pelo simples fato dela não existir, ou existir apenas com uma invenção que mais nos confunde e que ao cabo nos impede de viver na medida de nossa real condição, nos fazendo sonhar e desejar algo impossível. Já a libertação como processo nos põe em movimento, nos faz perceber a vida como um processo de abertura, de criação, de luta contras aquelas forças que querem o poder, contra aqueles que querem sempre tirar vantagem de uma relação, contra aqueles que estão sempre dispostos a ver o outro como uma possibilidade de ganhar mais, de usá-lo de alguma forma em proveito próprio. A importância de compreender a vida em termos de libertação se encontra no fato de podermos compreender quais são e quais não são as possibilidades realmente possíveis de serem alcançadas por homens e mulheres que vivem juntos em uma sociedade.

(continua)

Alexsandro