07/10/2010

Sobre a decisão

Não podemos esperar que nossa decisão seja compreendida. Porque, se fosse compreendida, ela seria razoável, e aquilo que é razoável não é decidido no risco. Normalmente, aquilo que é razoável é chato. E aquilo que é decidido é apaixonante. A decisão se decide na paixão. Decisão e paixão estão juntas.
E aqueles que não conseguem se decidir ficam deprimidos. Nesse caso, a depressão é uma covardia diante da decisão. Por isso Lacan diz que, quando a pessoa cede em seu desejo, fica deprimida. A pior coisa que alguém pode fazer é estender um lenço de papel a um deprimido. Isso o solidifica em sua posição narcísica, de autopiedade.
A felicidade é uma responsabilidade humana. Não é para os covardes.
Para tomar a decisão, é necessário que a pessoa se pense. Só podem ter dúvida os sujeitos divididos. Assim, o primeiro aspecto sobre a decisão é que ela é vinculada à dúvida. O segundo aspecto é: gostamos ou não da decisão? Se fôssemos fazer uma pesquisa sobre o assunto, provavelmente mais de 90% das pessoas diriam que não querem tomar decisões. A linguagem é cheia de expressões para poupar alguém de decidir. A mais famosa é "seja o que Deus quiser", maneira clássica de não tomar decisões.
Temos horror da decisão porque toda decisão implica risco.

Nem todo mundo evita a decisão. Há quem goste dela. Os artistas e os poetas, por exemplo, gostam.

Jorge Forbes
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