17/05/2012

O bom, o melhor, o suficiente e o perfeito

Há pessoas que sonham com o fim da época de estudos pois não se sentem felizes. Estudar é chato. Sonham em começar a trabalhar. Quando começam a trabalhar descobrem que trabalhar é chato e não se sentem felizes. Sonham com as ferias. Quando estão de férias descobrem que elas seriam melhores na companhia de alguém e não se sentem felizes. Ferias na solidão é chato. Sonham com alguém. Quando conseguem alguém descobrem que casamento não é conto de fadas, requer compromisso, não se sentem livres e sem liberdade é chato. Não se sentem felizes.
Testemunhamos uma ditadura da perfeição impondo que a vida tem de ser perfeita em todos os seus aspectos. De todos os lados ouvimos ordens e advertências de que devemos ser felizes: estamos sendo pressionados a sermos felizes e perfeitos a todo custo. Não buscamos o bom ou o razoável, a busca é pelo perfeito.
Há uma afirmação do Zygmunt Bauman que é emblemática: "O melhor pode ser inimigo do bom, mas certamente o “perfeito” é um inimigo mortal dos dois." Traduzindo: sempre que se é buscado algo como, por exemplo, a solução para um problema, outras soluções poderiam está sendo utilizadas no seu lugar, ou mesmo que correções poderiam ser implementadas para tornar a solução escolhida ainda melhor.
¿O que ela significa? Significa que muitas vezes ter o BOM já seria o suficiente, mas ao não nos contentarmos e nos empenharmos em busca do MELHOR, tal empenho torna o BOM não suficiente. O problema se torna ainda maior quando e principalmente o BOM representa o MELHOR que poderíamos ter. Enfim, abrimos mão daquilo que é "o-melhor-que-podemos-ter" em nome de "o-melhor-que-nunca-será-suficiente". O problema cresce ainda mais quando consideramos que aquilo que entendemos por SUFICIENTE só terá validade se for PERFEITO - na nossa experiência suficiente só será aquilo que for perfeito. Estamos condenados a busca da perfeição.
Alexsandro