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Três atitudes comuns dos indivíduos em relação ao poder:- Se identificar com o poder: "EU SOU O PODER"
Os que se identificam com o poder são os Pastores;
- Ser contra o poder: "EU SOU CONTRA O PODER"
Os que são contra o poder são os Lobos;
- Aceitar o poder: "EU SOU A FAVOR DO PODER"
As massas submissas ao poder são as ovelhas.
Não se encontrou ainda uma saída para essa relação recorrente entre o poder, as massas e a solidão dos indivíduos singulares. Ninguém consegue ver ou definir o poder, mas uns se identificam com ele, outros o contestam e há ainda os que decidem obedece-lo.
Esse é o cenário pastoral do poder. E para encontrarmos uma porta de saída deste cenário patético, é preciso antes entender melhor os valores que estão por detrás desses três elementos recorrentes.



Podemos, a partir desse quadro, enunciar duas proposições políticas:
1. Um coletivo terá mais ou menos liberdade dependendo da permuta e revezamento dos papéis. Se os pastores forem sempre pastores; os lobos, lobos; e as ovelhas, ovelhas; o grupo será opressor para todos. Mas se ao contrário, todos tomarem consciência de seu papel principal e se esforçarem para se comportar através dos outros dois papéis, criando um revezamento dessas 'funções' no interior do coletivo, então, haverá crescimento individual e compreensão mútua e o grupo se constituirá em um espaço de liberdade e aprendizado. As ovelhas são boazinhas, os lobos são maus e os pastores pairam acima do bem e do mal; as ovelhas precisam admitir suas maldades, os lobos reconhecer que também são filhos de Deus, e os pastores têm que aprender que não estão em condição de julgar aos outros. Quando todos os participantes de um grupo conseguem se identificar com os três papéis de forma harmoniosa afirma-se que o sistema está em equilíbrio qualitativo.
2. Um coletivo terá mais ou menos segurança dependendo de como os papéis estejam distribuídos proporcionalmente no grupo. Ovelhas demais petrificam os grupos em posturas conservadores, ovelhas de menos geram conflitos intermináveis. Quando encontramos os papéis distribuídos de forma proporcional em relação às suas funções diz-se que o grupo está em um equilíbrio quantitativo.
Mas será que é 'liberdade' e 'segurança' que realmente procuramos nos grupos? Na verdade, o que é certo que cada um dos papéis sonha em eliminar os outros dois:
- a ditadura do proletariado, quando as massas tomam o poder, é equivalente ao império do rebanho;
- a tecnodemocracia das elites corresponde ao projeto neo-liberal dos pastores;
- e o sonho da alcatéia hacker, à utopia dos lobos.
Porém, também é certo que um papel não sobrevive sem os outros. Isso fica claro quando descobrimos as funções a que esses papéis ridículos estão associados.
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