Apesar da clara pecha reducionista presente no binômio
direita e esquerda como se fossem, o que não são, dois campos claros e de fácil
compreensão para além da simples orientação maniqueísta, esta metáfora bipolar
nos serve como um recurso de batalha para separar as distintas intenções
presentes no campo de guerra da atual política brasileira.
Desde o início da redemocratização a direita no Brasil não
tinha rosto nem nome, poucos ou ninguém queria se
identificar com ela. Era, no máximo, denominado de conservador ou tradicional,
empresário ou empreendedor, moralista ou pessoa de bem, mas não de direita.
Hoje, entretanto, podemos dizer
que a máscara caiu e agora podemos ver o seu rosto mais nitidamente. Ela foi
filmada e fotografada, ela fez seu próprio self e publicou espontaneamente nas
redes sociais, ela foi à TV e fez discurso, escreveu artigos para revistas e
jornais e fez comentários em blogs. Dizer que a direita não possui uma agenda
com um pilar básico de qualquer partido de direita já não cola. Essa agenda
caminha a passos largos, associada ao modelo conversador, cujo debate se atrela
a temas como família, drogas, abortos, estado mínimo, total liberdade e não
interferência nas atividades individuais, etc.
Como é típico, a direita no
Brasil não quer ser associada à ditadura, quer ser vista como libertadora e
democrática. Faz uso de velhos clichês e argumentos rasos: continua afirmando
que os países mais a direita do espectro político são os mais ricos do mundo.
Que liberdade econômica não é sinônimo de escravidão nem de pobreza, que no
capitalismo todos enriquecem juntos, mesmo que uns mais e outros menos. Outro
ponto que gostam de ressaltar, velho chavão de sabor amargo, é que querem
conservar as instituições, sendo elas a democracia, o estado de direito, a
constituição, a liberdade econômica, a moral, a ética, a família e a religião,
mas nunca discutem o caráter destas instituições, tratam-nas como coisas em si,
desde sempre aí e puras e inocentes por natureza.
Sim, a direita brasileira sempre
foi conservadora, como gostam de dizer, mas também elitista, preconceituosa,
antipopular e uma fábrica de favelas. E isso vem ficando cada dia mais claro
por nossas terras.
Alexsandro