11/05/2015

PARA QUE SERVIRÃO OS POBRES?


Ao contrário do que muitos pensam, o sinal evidente do avanço e sucesso do mercado não está presente naquelas coisas que consideramos como sendo um sinal de progresso e desenvolvimento, mas justamente no seu contrário, no aumento dos índices de pobreza. Sim, é a pobreza o sinal de que o mercado vai muito bem. E ela não acabará, nem ao menos diminuirá. Nada anuncia um leve sinal de sua redução, porém, mais uma vez, o contrário é o que se anuncia, ou seja, ela continuará aumentando.
Tal fato não é difícil de ser compreendido, como a produção se encontra assentada na tecnologia, basta pensarmos no número de pessoas que estão se tornando economicamente desnecessárias a cada momento. E se assim continuar, não é loucura imaginar que dentro de pouco tempo o processo produtivo exigirá um número reduzido de sujeitos em comparação com a população total. Como conseqüência, a maioria da população não terá nenhum papel econômico relevante no processo produtivo.
Tendo isto em mente, a questão que se apresenta é exatamente a seguinte: o que acontecerá com aqueles menos favorecidos, com a “classe trabalhadora”, com os que não são ricos, enfim, o que acontecerá com os pobres?
Em uma época em que se sentir satisfeito é um pecado abominável, a busca por novas metas e prazeres exige que novos produtos apareçam constantemente no mercado, mas como a satisfação não é o mesmo que felicidade, o prazer tornou-se a meta final. A constante busca pelo prazer na sociedade atual pode ser entendida como uma admissão clara de que aquilo que é feito e realizado na vida cotidiana é tão desprovido de significa que só a fuga dela a torna suportável. Desta forma, vemos despontar toda uma industria do lazer e do prazer prometendo satisfações que compensariam o tédio e a monotonia da vida diária. Como exemplo, podemos citar toda a indústria do turismo.
O que é o turismo se não o processo de transformação de partes do mundo em parques de diversão para que os ricos possam se divertir e fugir do tédio e da monotonia.
Neste ponto, o panorama atual começa a mostrar um quadro cruel. Aqueles que podem se lançam no mundo do consumo irão atrás de satisfação e prazer onde quer que estes se encontrem, podendo escolher a forma de satisfação e os destinos que mais lhes sejam convenientes. E, onde quer que desejarem ir, por conta do dinheiro que possuem, o mundo os esperarão de braços abertos. Por outro lado, como os pobres não possuem dinheiro para fazer turismo e como não há trabalho suficiente para todos eles, só lhes caberão ficar no lugar onde se encontram e divertir os ricos que virão consumir lazer e prazer.
Com uma máquina fotográfica ou filmadora na mão o turista é nada mais que um coletor de imagens. Muito do seu prazer e lazer é vivido em meio à miséria de outras pessoas. Como carniceiros em busca de satisfação, o turista é o emblema e o sinal de que o mundo continua a colocar os pobres aos pés dos ricos.
Desta forma, partindo das tendências atuais e verificando como o setor turístico está se configurando, a resposta mais obvia a pergunta “para que servirão os pobres?”, não poderá ser outra, qual seja: na configuração da nova ordem mundial os pobres servirão para divertir os ricos, para alivia-los do tédio e da monotonia.


Alexsandro