25/08/2011

Só vejo cadáveres diante de mim

Como é lamentável ver quanta gente é nada mais que um grande caixão carregando verdades mortas. Vidas em ruína que não percebem a arbitrariedade dos fatos humanos, mas que teimam em afirmar uma posição diante do mundo como se fossem verdadeiros bastiões da lucidez. Uma lucidez cadavérica, tola, embriagada de superstições, preconceitos e desinformação. São sombras que não atualizaram o espírito. Crêem-se imortais, eternas, mas são de fato estrangeiras do seu tempo, refugiadas de si mesmo, em um campo de concentração de verdades que extirpou suas idiossincrasias. Sem lucidez, não sabem do seu tempo, não sabem de si, não sabem da vida. São fascistas errantes, sem singularidade, sem tempo, sem propósito próprio, que buscam reconhecimento dos seus pares, nulidades sem voz e sem sensação, moscas mortas na rede elétrica das certezas efêmeras.
Não se desligam das grandes ilusões. Acham que vão preencher a história com alguma grande realização. Que vão conseguir ultrapassar o grande abismo da idiotice e entrar no reino dos sábios e da lucidez. Acreditam que vão conquistar algo e fazer suas vidas saírem do nada no qual se encontram.
São órfãos que não entenderam a força da arbitrariedade das verdades e das culturas e procuram um pai para a humanidade. Querem verdades adequadas às suas capacidades de compreensão. Querem um fundamento racional diante do caótico. Querem uma vocação metafísica para si e para humanidade. Querem controlar o tempo. Enquanto isso não vêem os grãos da ampulheta caindo sobre cada verdade que já foi um dia fonte de sabedoria e alucinação.


Alexsandro