A reportagem
Reino Unido testa método para curar depressão
Uma equipa de médicos do Frenchway Hospital, em Bristol, no Reino Unido, está a testar uma técnica pioneira de cirurgia de estimulação cerebral para tratar a depressão prolongada em pacientes que sofrem desta condição há anos.
A técnica recorre ao uso de eletrodos que são implantados no cérebro através de orifícios específicos feitos no crânio do paciente que estimulam ou inibem essas áreas.
A primeira paciente desta técnica pioneira foi Sheila Cook, de 62 anos, que padecia com uma depressão profunda há nove anos.
Citada pela BBC, Sheila afirmou que antes da operação "só queria que a sua vida terminasse". "Sentia-me como num túnel escuro, mas em vez de haver uma luz no final, havia apenas escuridão".
"De repente acordei uma manhã e pensei: sinto-me diferente. Quero me levantar e fazer coisas e toda a minha maneira de ver a vida mudou", explicou, comentando os resultados da operação a que teve de ser submetida por duas vezes devido a uma recaída.
"Em poucas semanas a minha vida mudou: Leio livros, faço o trabalho de casa, faço caminhadas e mais importante, talvez, é que estou a redescobrir a minha família", conta Sheila em quem as terapias convencionais deixaram de surtir efeito.
Os resultados deste ensaio clínico em outros pacientes serão divulgados ao longo do ano.
O comentário
Lendo a reportagem acima fiquei impressionado como os caras conseguiram dá sentido a uma vida que já não tinha ânimo para se manter viva, que perdia a cada dia o sentido do que era e do que fazia. E como em um passe de mágica fizeram florescer a alegria, a esperança e tudo mais que nos mantém dignos diante do mundo. E tudo isso com apenas "choquinhos" no cérebro.
Em certo momento "só queria que a sua vida terminasse", no outro "quero me levantar e fazer coisas e toda a minha maneira de ver a vida mudou". Estas duas frases resumem todo o sentido de uma existência que passou a fazer sentido a partir de impulsos elétricos. Nada de terapias buscando entender os dilemas, nada de orações buscando respostas no além, nada de explicações filosóficas para justificar a dor ou a alegria, nada de nada, apenas “choquinhos” no lugar certo do cérebro.
Assim descobrimos a grande motivação do nosso bem-estar no mundo: choquinhos no cérebro.