14/01/2010

Na Natureza Selvagem


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"Na Natureza Selvagem" é um filme dirigido por Sean Penn, baseado no livro homônimo, do jornalista Jon Krakauer, que conta a história verídica de Christopher McCandless, um jovem recém-formado que se aventura pelos Estados Unidos da América até chegar ao inóspito Alasca.
Em 1990, com 22 anos, Christopher McCandless ao terminar a faculdade, doa todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do quotidiano. Abandona, assim, a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e vai para a estrada. Vagueia por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) à boleia, a pé, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro faltasse pois, Chris acaba por abandonar o seu carro e queimar todo o dinheiro que levava consigo para se sentir mais livre, mas nunca se fixando muito tempo no mesmo local. Desconfiado das relações humanas e influenciado pelas suas leituras, que incluíam Tolstoi e Thoreau, ansiava por chegar ao Alasca, onde poderia estar longe do homem e em comunhão com a natureza selvagem e pura. O que lhe acontece durante este percurso transforma o jovem num símbolo de resistência para inúmeras pessoas. Christopher dá igualmente início a uma aventura que mais tarde viria a encher as páginas dos jornais e que termina com a sua morte no Alasca.

O que significa viver? E vivendo, quais os tipos de escolhas que somos capazes de fazer? Escolher sonhos plastificados, divididos em 16 prestações ou pelo cartão de crédito, empacotados e entregues em casa (que, de fato, não se trata bem de escolha, mas de seguir o padrão) ou encarar o mundo sem dinheiro, sem documento, sem identidade pré-fabricada, na tentativa de entender o que representa a vida para além da mediocridade enlatada e cheirosa das vitrines das lojas e das fachadas das casas? A resposta, claro, já se encontra na pergunta e é disso que trata o filme "Na natureza selvagem". De certa forma "Na natureza selvagem" é um convite à reflexão sobre o significado que assumem tantas coisas que vivemos, queremos e pelas quais muitas vezes sofremos. Alguns podem achar que se trata da história de alguém doente, um louco, um maluco com transtornos de personalidade. Mas ao agirmos assim caímos na armadilha do filme, qual seja, ele é uma crítica a vida moderna, essa mesma vida que possui a mania de diagnosticar e patologisar tudo o que não se enquadra ao padrão corrente da sociedade de consumo e nos mostra uma imagem na qual ficamos pensando se, ao contrário, o louco não somos nós que vivemos vidinhas plastificadas.


Abaixo a música "Guaranteed", de Eddie Vedder, que faz parte da trilha sonora do filme.





Com certeza

Suplicar de joelhos não é o caminho para ser livre
Levantando uma taça vazia, eu pergunto silenciosamente:
Todas as minhas escolhas serão aceitas por uma única pessoa, ou seja, eu?
Então, eu posso respirar...

Eles aumentam os círculos e engolem as pessoas completamente
Passam metade de suas vidas dizendo "boa noite" às esposas que nunca conhecerão
Uma mente cheia de perguntas e um professor em minha alma.
E assim vai...

Não se aproxime ou eu terei de ir
Tal como a gravidade são esses lugares que me puxam
Se existisse alguém que pudesse me manter em casa
Esse alguém seria você...

Todos que encontro pelo caminho, em suas gaiolas compradas,
Possuem opiniões sobre mim e meus devaneios, mas eu não me importo com o que eles pensam, eu sou o que eles nunca pensaram.
Eu tenho minhas indignações, mas sou puro em todos os meus pensamentos.
Eu estou vivo...

Vento em meus cabelos, me sinto parte de todos os lugares.
Por trás da minha existência há uma estrada que está desaparecendo
Tarde da noite eu ouço as arvores, elas estão cantando com os mortos
A carga é pesada...

Deixe isso comigo, assim encontrarei uma maneira de ser.
Considere-me um satélite, sempre em órbita.
Eu conheci todas as regras, mas as regras não me conhecem.
Com certeza...



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