
14/03/2013
11/03/2013
Capitalismo Mundial Integrado e nossas formas de luta
O Capitalismo Mundial Integrado e sua ordem econômica
estabeleceram no mundo o cruel, nefasto, arrogante, criminoso, violento e podre
mandamento de vender, vender e vender – vende-se de tudo, compra-se de tudo.
O mundo virou um campo de guerra – luta-se por espaço (de
mercado); concorrer virou prática comum – concorre-se por tudo. Alguns falam
que isto já é a Quarta Guerra Mundial. (a Terceira foi a Guerra Fria):
- O argumento principal para justificar esta guerra é a
necessidade de investir;
- O campo de batalha é o mercado;
- As armas são os arsenais financeiros;
- A meta é conquistar o mundo inteiro para transformá-lo em
produto – mercadoria;
- O resultado até agora desta guerra é a morte de milhões de
pessoas a cada instante.
O Capitalismo Mundial Integrado moldou-se na nossa cultura e
se inscreveu em todos os cantos, todas as brechas, todas as pregas das nossas
vidas. Fez simbiose com os nossos lençóis, nossas colheres e pratos. Adentrou
nossos banhos. Colonizou nossos vinhos e virou nossa embriagues. Ele é o plugue
dos nossos aparelhos, eletrônicos ou musculares, a poluição no ar, o som alto
do carro do vizinho, as grades nas janelas, o arame farpado da cerca na chácara,
o fio elétrico que corre sobre o muro, a conversa idiota daquela estudante de
direito que acha que seus direitos devem ser preservados em nome da sua
individualidade mesquinha e inconsequente. Ele se encontra na margarina que lambuza
o pão. Ele é o pau derrotado daqueles que ejaculam em nome de um prazer sem ética
ou estética (um prazer rejeitado até pelas bactérias). Ele invade os úteros
para produzir filhos legítimos para a produção e o consumo. Diante dele e
contra ele todas as formas de luta são aceitáveis:
Todas as formas da luta são aceitáveis. Com a condição de se inserirem num movimento coletivo que denuncie, simultaneamente, as finalidades do sistema liberal, as múltiplas conivências que este tece com o mundo jornalístico, o enclausuramento de nossas vidas na ótica unidimensional da produção-consumo, a uniformização cultural e econômica do planeta e as ações dos homens, ou aparelhos de poder, que não cessam de despolitizar os cidadãos para melhor subjugá-los. Se não, valem tanto quanto se abster. (François Brune)
Devemos ter em mente também que toda luta e todo processo de
libertação começa e passa pelo corpo. Liberdade significa libertar o corpo
daquilo que o amarra. Sem um corpo a liberdade não faz sentido algum. Veja, por
exemplo, que muitos acham que o ciberespaço é a grande nova fronteira humana a
ser explorada como espaço de libertação. Mas, infelizmente, “o ciberespaço é um
espaço sem corpo. Ele é, de fato, um espaço abstrato e conceitual. Não existe
cheiro nele, nem gosto, nem sentimento e nem sexo. Se qualquer uma dessas
coisas existe lá, são apenas simulacros dessas coisas e não elas mesmas.” (Hakim
Bey)
¿Se nos apegamos tanto a simulacros não seria justamente devido a miséria de vida que levamos no mundo “real”? Por conta disso e mais do que
nunca a reflexão de Nietzsche sobre nossos combates e nossa forma de combater
nunca foi tão válida:
É preciso estudar as misérias dos homens, incluindo entre essas misérias as ideias que eles têm quanto aos meios para combatê-las.
Vejo que esse sistema não pode suportar muita coisa, dai sua
fragilidade em cada canto, mas ao mesmo tempo essa é sua força de repressão,
como não pode suportar muito, muda, deixa de ser e passa a ser outra coisa.
¿Quem pode combater facilmente algo assim? ¿Poderá as crianças combater o
sistema? Sim, até elas podem. Não há lugar exclusivo para o combate, nem
lutadores específicos. Ou, como disse uma vez Deleuze, “acredito que bastaria
apenas que elas (as crianças) fossem ouvidas em seus protestos para explodir todo o conjunto
do sistema de ensino”.
Gosto de acreditar que pensar também é uma forma de luta. Vejo que pensar e escrever são
formas de por uma revolução em movimento. Por isso gosto desta reflexão do Saramago que
diz:
"Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma."
Alexsandro
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