Em grande parte das vezes evitamos expressar opiniões e
sentimentos a respeito de muitas coisas, a exemplo de muitas coisinhas miúdas
do dia a dia, por supormos, as vezes com razão, que ao fazê-lo causaríamos
constrangimentos e desconfortos para nós e/ou para outros. Assim, evitamos
expor e guardamos silenciosamente sentimentos e ideias.
Além das nossas ideias e sentimentos há outras ideias e
outros sentimentos mais poderosos que os nossos que também fazem um percurso silencioso
na sociedade (crenças, valores, formas de ser e viver e noções a respeito de
vários temas).
O curioso é perceber que quando algumas dessas ideias ou
sentimentos vazam para fora do silêncio surge no ar uma sensação de alívio ao
se perceber que não se foi o único a pensar ou sentir daquela forma.
Momentos assim também revela nosso medo, nossa condescendência,
nossa falta de vontade em querer se comprometer com posturas que fariam nosso
ambiente social ser abalado, positiva ou negativamente, afinal, nunca sabemos
antes do ocorrido. E como não sabemos preferimos lidar com a dúvida em
silêncio, negamos o debate, o dialogo, a discussão, acreditando que assim nosso
barquinho não precisará enfrentar nenhuma tempestade.
Sim, somos falsos, mentirosos, preguiçosos, covardes,
negamos que nossa compreensão das coisas se faça expostas e ouvidas e
discutidas. Acreditamos em nossas próprias mentiras (ou fazemos de conta) e nas
mentiras dos outros (ou fazemos de conta). Nossa imaginação é prodigiosa em
criar desculpas para nós manter quietos quando queremos ficar quietos (e quase
sempre desejamos ficar quietos).
Alexsandro
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