Autoestima é fruto de um discurso individualista de mercado que
parte da ideia de autossuficiência. A autoestima se assenta sobre o cascalho da
noção moderna de “Eu” para construir seu pavimento. Um “Eu” determinado (pelo
mercado) e determinante (agindo sobre o si mesmo), sem abertura e fechado para
alteridade, orgulhoso filho da ignorância do outro. Autoestima é produto, é mercadoria,
por isso se fala tanto nela, porque autoestima vende, dá lucro e nos mantém
aliados do status quo.
Quase ninguém fala de estima recíproca, esta antítese da
autoestima.
Estima recíproca – estimar o outro e ser estimado por ele. Constituí-lo
e ser constituído por ele. Habitá-lo e ser habitado por ele. Com ele criar
laços, inventar formas de relação, compreender os gestos dos afetos (à moda de
Espinosa). Reconhecer que precisamos do outro e que com ele compartilhamos a
vida. Estimar e ser estimado pelo outro, lembrando sempre que a autoestima não
é suficiente para suportar a vida.
Alexsandro